Remodelações no executivo do Porto esperadas por uns e criticadas por outros
Com a remodelação, Rui Moreira voltou a ter maioria absoluta no executivo da câmara. BE critica, CDU lamenta não ter sido informada, PSD revela estranheza e PS diz que já era expectável.
A vereadora da CDU na Câmara do Porto lamentou nesta quarta-feira não ter sido informada sobre a remodelação no executivo e considerou que a atribuição de um pelouro à ex-vereadora socialista poderá indicar “falta de confiança” no acordo de governação.
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A vereadora da CDU na Câmara do Porto lamentou nesta quarta-feira não ter sido informada sobre a remodelação no executivo e considerou que a atribuição de um pelouro à ex-vereadora socialista poderá indicar “falta de confiança” no acordo de governação.
Tal como o PÚBLICO noticiou, a vereadora com o pelouro dos Transportes, Cristina Pimentel, vai suspender o mandato para se candidatar à presidência do conselho de administração da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP). O lugar da vereadora no executivo será ocupado pelo antigo vereador da Habitação Fernando Paulo, que não foi eleito nas últimas eleições autárquicas. Ao mesmo tempo, será atribuído um pelouro à antiga vereadora socialista Catarina Santos Cunha, que assumiu o estatuto de independente no executivo em Novembro.
Em declarações à Lusa, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, lamentou ter tido conhecimento das intenções do presidente da Câmara do Porto de reformular o executivo através da comunicação social. “Lamento que o presidente informe primeiro a comunicação social e não informe o colectivo dos vereadores das suas intenções”, sublinhou a vereadora.
Considerando que a entrada de mais um vereador “tem de ser analisada em reunião”, Ilda Figueiredo afirmou que a atribuição de um pelouro à ex-vereadora socialista Catarina Santos Cunha poderá indicar “provavelmente que o presidente não terá grande confiança no acordo que fez com o PSD”. “Vê-se que o presidente está a tentar reforçar o seu apoio na câmara, ou por falta de confiança no acordo que fez com o PSD ou por outra razão qualquer”, observou.
Aos jornalistas, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou nesta quarta-feira que, apesar do movimento independente ficar com “maioria” devido às remodelações no executivo, as mesmas “não põem em causa” o acordo de governação estabelecido com o PSD após as eleições de Setembro.
“O acordo tem que ver com determinadas garantias que nós demos ao PSD em função de exigências que nos foram colocadas com base no que era o seu programa eleitoral que temos cumprido. Essa matéria não está em risco nem será posta em causa”, assegurou.
Aos jornalistas o autarca rejeitou a existência de “mal-estar” dentro do executivo e afirmou que a distribuição dos pelouros será anunciada “em breve”, uma vez que está dependente da nomeação de Cristina Pimentel para a presidência da STCP.
Questionado sobre a atribuição de um pelouro à ex-vereadora socialista e não a um dos vereadores do PSD, com quem o movimento tem estabelecido um acordo, o independente afirmou que o partido “sempre afirmou que era oposição e continua a afirmar que é oposição”.
“Uma coisa é termos um acordo de incidência parlamentar que foi celebrado com o PSD que nós iremos cumprir e sabemos que eles também. Outra coisa é ter uma oposição dentro da vereação”, referiu.
O autarca disse ainda não ver “nenhuma razão” para o PSD ponderar sobre o acordo de governação, salientando que o movimento independente cumprirá “escrupulosamente o acordo”.
À Lusa o líder da concelhia do PSD-Porto, Miguel Seabra, disse ver com “estranheza” a intenção do presidente da câmara atribuir um pelouro à antiga vereadora socialista, adiantando que o partido vai-se reunir “para analisar o destino” do acordo de governação.
Já o vereador do PS da Câmara do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro, disse que a intenção do presidente da câmara atribuir um pelouro à antiga vereadora socialista era “algo já esperado”, considerando que são decisões que fazem parte da “natureza humana” e não de análise política.
O vereador do BE, Sérgio Aires, afirmou que a atribuição de um pelouro a Catarina Santos Cunha torna o executivo de Rui Moreira numa “maioria absoluta de secretaria”.
“Logo a seguir às eleições [autárquicas], o PSD faz um acordo, deixa de ser oposição e, mais estranhamente ainda, uma vereadora eleita pelo PS passa, em questão de horas, para vereadora independente e depois integra o executivo, tornando a maioria de Rui Moreira uma maioria absoluta de secretaria que não respeita em nada a decisão dos portuenses”, salientou.