MNE diz que acção agressiva da Rússia poderá justificar “sanções numa escala nunca vista”

Augusto Santos Silva assinala que a via político-diplomática vai continuar a ser esgotada.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O ministro dos Negócios Estrangeiros avançou nesta segunda-feira que “qualquer acção agressiva” da Rússia contra a Ucrânia, nomeadamente uma invasão, poderá implicar “sanções numa escala nunca vista”, mas vincou que o objectivo é continuar o diálogo diplomático.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros avançou nesta segunda-feira que “qualquer acção agressiva” da Rússia contra a Ucrânia, nomeadamente uma invasão, poderá implicar “sanções numa escala nunca vista”, mas vincou que o objectivo é continuar o diálogo diplomático.

O ministro falava à margem do lançamento do livro Relação da Primeira Viagem em torno do Mundo, de Antonio Pigafetta, sobre a primeira volta ao mundo do navegador português Fernão de Magalhães (1519-1522), que decorreu nesta segunda-feira à noite na Academia da Marinha, em Lisboa.

“Vamos continuar a esgotar esta via político-diplomática ao mesmo tempo que nos preparamos robustecendo o flanco leste da NATO e ao mesmo tempo que continuamos a deixar claro à Rússia que qualquer acção agressiva que signifique mais uma violação da integridade territorial e da soberania da Ucrânia terá uma resposta à altura em termos políticos e económicos”, começou por dizer o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

Questionado sobre que tipo de resposta poderá ser, Santos Silva respondeu: “Sanções numa escala nunca vista.”

“Estamos a discutir entre nós, serão medidas no plano político e no plano económico que, na nossa opinião, uma acção agressiva da Rússia, designadamente uma invasão da Ucrânia, justificará”, completou.

No entanto, o governante ressalvou que o ideal continua a ser o diálogo diplomático.

“O que queremos é encontrar uma solução para os problemas que se vivem hoje na fronteira leste da Europa e, como já disse várias vezes o Presidente [Joe] Biden, se há preocupações de segurança de parte a parte as duas partes devem olhar para essas preocupações de segurança, e em vez de a Rússia seguir uma escalada de hostilidade, deverá assumir com a NATO medidas de criação de confiança que são absolutamente essenciais”, aditou.

Na opinião do governante, “é preciso que a Rússia baixe a tensão que criou na fronteira com a Ucrânia, e mais recentemente também na fronteira da Ucrânia com a Bielorrússia, e que compreenda que não é com acções agressivas que vê as suas legítimas preocupações de segurança respondidas”.

Questionado sobre a reunião que decorre nesta segunda-feira em Moscovo entre o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, Santos Silva sublinhou que “a boa notícia é o facto de a diplomacia estar a funcionar e, portanto, o canal de comunicação política não ter sido interrompido e, pelo contrário, estar a ser utilizado”.

“Estamos a preparar as respostas às cartas que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia dirigiu aos Estados-membros da União Europeia e aos aliados da NATO e a nossa mensagem tem sido sempre a mesma e tem sido coerente: nós podemos discutir em conjunto as preocupações de segurança que todos temos, quer os aliados da NATO, quer os membros da UE, quer a federação russa, e dispomos dos instrumentos e dos formatos para o fazer, a Organização para a Segurança e Cooperação Europeia e os documentos fundadores da arquitectura de segurança vigente na Europa”, aditou.

Na apresentação do livro na Academia da Marinha estiveram também presentes o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, e o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo.

A Ucrânia e os seus aliados ocidentais acusam a Rússia de pretender invadir a Ucrânia novamente, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia, em 2014.

A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo que a NATO retire as suas tropas na Europa de Leste para posições anteriores a 1997.