Autoridades canadianas alertam para possibilidade de ingerência estrangeira nos protestos

Polícia apreendeu milhares de litros de combustível destinados aos camiões que estão a bloquear partes de Otava. Trudeau pede unidade aos canadianos.

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Bloqueios obrigaram Otava a declarar estado de emergência ANDRE PICHETTE / EPA

As autoridades policiais canadianas estão a tentar pôr fim ao protesto de camionistas que levou ao bloqueio de algumas das principais vias rodoviárias de Otava e que obrigou a cidade a declarar o estado de emergência. O primeiro-ministro Justin Trudeau, um dos principais alvos da fúria dos manifestantes, falou pela primeira vez sobre a crise, pedindo unidade aos canadianos.

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As autoridades policiais canadianas estão a tentar pôr fim ao protesto de camionistas que levou ao bloqueio de algumas das principais vias rodoviárias de Otava e que obrigou a cidade a declarar o estado de emergência. O primeiro-ministro Justin Trudeau, um dos principais alvos da fúria dos manifestantes, falou pela primeira vez sobre a crise, pedindo unidade aos canadianos.

A polícia disse na segunda-feira à noite ter apreendido milhares de litros de combustível que se destinavam aos camiões que têm sido usados para bloquear as estradas. As autoridades descrevem o protesto que dura há onze dias como um “cerco” e têm dito não ter capacidade para pôr fim aos protestos.

Ainda assim, o número de camiões envolvidos nos bloqueios tem diminuído – no início chegaram a ser dez mil veículos e 15 mil pessoas, mas no fim-de-semana já eram apenas mil camiões e cinco mil manifestantes, segundo a polícia.

A polícia de Otava pediu o envio de reforços e recursos extraordinários para conseguir repor a ordem na baixa da cidade, onde se concentra grande parte dos camiões que organizam sessões de buzinões que duram horas. “A ocupação tornou-se numa ocupação abominável e agressiva dos nossos bairros. As pessoas vivem no medo e estão aterrorizadas”, disse o mayor de Otava, Jim Watson, numa carta enviada a Trudeau.

O primeiro-ministro, que esteve a recuperar de uma infecção por covid-19, falou publicamente na segunda-feira pela primeira vez desde que a crise começou numa sessão parlamentar convocada de emergência. “Esta é a história de um país que atravessou esta pandemia por ser unido, e umas poucas pessoas a gritarem e a agitarem suásticas não definem os canadianos”, declarou.

Trudeau tem sido alvo de inúmeras ameaças e chegou a ser deslocado de Otava para um local não identificado por razões de segurança.

Os manifestantes protestam contra a obrigatoriedade de apresentação de certificado de vacinação para os camionistas que atravessem a fronteira entre os EUA e o Canadá. O que começou como uma concentração pacífica, no final de Janeiro, transformou-se numa série de acções violentas, como buzinões, bloqueio de estradas e até vandalismo.

Na segunda-feira, um juiz emitiu uma providência cautelar que impede os automobilistas de buzinarem na baixa de Otava durante os próximos dez dias. A decisão é uma resposta a uma acção colectiva apresentada pelos moradores desta zona da capital canadiana.

Os protestos têm assumido contornos políticos depois de várias demonstrações de apoio por parte de dirigentes do Partido Republicano dos EUA, que também têm sido críticos das medidas de prevenção e combate à pandemia. Entre os apoiantes do protesto estão o governador da Florida, Ron DeSantis, o senador Ted Cruz e o procurador do Texas, Ken Paxton. O ex-Presidente Donald Trump também enviou uma nota de apoio aos manifestantes.

Paxton criticou a plataforma GoFundMe por ter dito que iria doar a maioria do dinheiro acumulado pelos organizadores dos protestos. O ministro da Segurança Pública do Canadá, Marco Mendicino, disse que as autoridades devem “estar vigilantes sobre a potencial interferência estrangeira” nas manifestações, visando Paxton.

“Não deve ser certamente uma preocupação do procurador-geral do Texas a forma como nós, no Canadá, gerimos a nossa vida quotidiana de acordo com as nossas leis”, afirmou.