Macron vai a Moscovo para “baixar a tensão” na Ucrânia
Na terça-feira, o Presidente francês encontra-se com o chanceler alemão e o Presidente polaco. Olaf Scholz visita ainda antes Washington.
A diplomacia europeia move-se: o Presidente francês, Emmanuel Macron, visita esta segunda-feira Moscovo, e de seguida vai a Kiev, enquanto o chanceler alemão, Olaf Scholz, vai a Washington e se reúne de seguida com Macron e o Presidente polaco, Andrzej Duda.
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A diplomacia europeia move-se: o Presidente francês, Emmanuel Macron, visita esta segunda-feira Moscovo, e de seguida vai a Kiev, enquanto o chanceler alemão, Olaf Scholz, vai a Washington e se reúne de seguida com Macron e o Presidente polaco, Andrzej Duda.
Macron deu uma entrevista ao Journal de Dimanche sobre o que pretende na sua visita: “O nosso papel é preventivo, temos de baixar a tensão através do diálogo e evitar um conflito armado”, disse. “Tenho vindo a ler ou a ouvir de altos responsáveis, há várias semanas, que há operações iminentes. A intensidade do diálogo que temos com a Rússia, incluindo esta visita a Moscovo, pode contribuir para impedir que isso aconteça”, declarou.
No entanto, Macron avisou que “temos de ser muito realistas”, porque “não vamos conseguir gestos unilaterais, mas é essencial evitar uma deterioração da situação antes de construir mecanismos e gestos de confiança recíprocos”.
O Presidente francês especificou a necessidade de garantir a segurança dos Estados Bálticos, Polónia e Roménia, mas referiu a possibilidade de “um novo equilíbrio”, e da necessidade de “respeitar e compreender os traumas contemporâneos deste grande povo e grande nação”, a Rússia, levando a uma série de especulações sobre de que concessões estaria a falar.
Alguns analistas notaram ainda o tom optimista de Macron, contrapondo que o Presidente francês – que enfrenta eleições em Abril – não tem uma história de boas relações com a Rússia, que interferiu nas últimas eleições francesas contra Macron (quando os cofres de campanha da nacionalista Marine Le Pen contaram também com empréstimos de bancos da Rússia).
“A França tem uma longa tradição de mediação, mas Emmanuel Macron em especial tem querido ser uma espécie de poder de equilíbrio”, comentou o analista Bruno Tertrais da Fondation pour la Recherche Stratégique (FRS) à emissora France 24 quando Macron anunciou a viagem. “É espantoso, no entanto, como os seus esforços raramente tiveram sucesso.”
Scholz descansa aliados
Quanto ao chanceler alemão, Olaf Scholz, uma entrevista dada antes de embarcar para Washington, onde se encontra com Joe Biden, deixou clara a posição da Alemanha depois do que pareceu ser uma hesitação inicial numa resposta a uma potencial acção ofensiva da Rússia na Ucrânia e que levou á expressão de frustração de aliados, incluindo os Estados Unidos e o Leste da Europa.
Numa entrevista à estação de televisão pública ARD, o chanceler sublinhou que “nada está excluído” de potenciais sanções à Rússia caso forças russas invadam a Ucrânia – o que inclui, assim, potencialmente o gasoduto Nord Stream 2 –, e referiu-se a “acordos detalhados” com aliados para sanções “muito alargadas, muito duras”, que irão ter “custos elevados” para o Kremlin.
Questionado sobre o fortalecimento do papel da Alemanha no flanco Leste da NATO, Scholz notou que a Alemanha “já está presente” e fará “todos os possíveis para o fortalecer”, incluindo patrulhas aéreas. Estes serão assuntos a discutir quando se encontrar com os chefes de Governo dos Estados Bálticos na terça-feira, disse, estando “pronto para tomar decisões”.
Uma entrevista com “clareza” e até “paixão”, comentou no Twitter Thorsten Benner, director do Global Public Policy Institute, com sede em Berlim, lamentando apenas que tenha demorado a esclarecer a posição do seu Governo, porque assim “a imagem pública, especialmente nos Estados Unidos, teria sido diferente”, e a “rejeição da entrega de armas teria tido muito menos importância”.
O envio de armas à Ucrânia é uma “linha vermelha” absoluta para a Alemanha e sondagens mostram oposição à ideia de todos os quadrantes políticos. A Alemanha vê-se como uma ponte privilegiada para diálogo com a Rússia e, na próxima semana, Scholz tem marcadas viagens a Kiev, primeiro, e de seguida a Moscovo.