O seu filho (ainda) fica a chorar na escola?
Mesmo aquelas crianças que demonstram entusiasmo quando os pais as preparam para a entrada na escola, o momento em que a separação ocorre, ou seja, a despedida, pode ser fonte de grande angústia.
A entrada na creche, infantário ou na escola, quer seja pela primeira vez, quer ocorra pela mudança da criança de instituição, ou depois de alguns dias em casa em isolamento ou com covid-19, podem causar ansiedade e muito choro, que, além de expectáveis, são na maior parte das vezes, passageiros. Mesmo aquelas crianças que demonstram entusiasmo quando os pais as preparam para a entrada na escola, o momento em que a separação ocorre, ou seja, a despedida, pode ser fonte de grande angústia para a criança e também para os pais.
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A entrada na creche, infantário ou na escola, quer seja pela primeira vez, quer ocorra pela mudança da criança de instituição, ou depois de alguns dias em casa em isolamento ou com covid-19, podem causar ansiedade e muito choro, que, além de expectáveis, são na maior parte das vezes, passageiros. Mesmo aquelas crianças que demonstram entusiasmo quando os pais as preparam para a entrada na escola, o momento em que a separação ocorre, ou seja, a despedida, pode ser fonte de grande angústia para a criança e também para os pais.
Quando estes comportamentos se intensificam e se tornam diários e prolongados no tempo, causando muito sofrimento à criança e aos pais (que se sentem os piores do mundo por deixarem a criança a chorar), podemos estar perante um quadro de ansiedade de separação. A ansiedade de separação apresenta maior incidência em crianças entre os 5 e os 12 anos e está bem documentada na literatura como a ansiedade persistente aquando da separação da figura de vinculação da criança. Esta problemática representa um importante factor que influencia várias áreas da vida da criança, podendo comprometer também a sua relação com os colegas e a dimensão académica, porque a criança está mais preocupada com a chegada dos pais do que com a matéria.
Mesmo a permanência na casa de um familiar ou na festa de anos de um amiguinho, são momentos vividos com tensão e choro intenso, sendo que para alguns adultos torna-se difícil de compreender podendo gerar uma relação negativa e crítica.
É igualmente frequente que a criança queira adiar a ida para a cama, peça para dormir com os pais, relate medo de acidentes, de doenças e tenha pesadelos. O domingo e os períodos longos em casa podem reacender as dificuldades de separação e gerar angústia em pais e filhos.
Alterações na vida da criança, como um divórcio dos pais, perdas recentes ou a mudança de país podem representar também um factor causador de ansiedade de separação.
Dadas as alterações nos contextos educativos devido à pandemia da covid-19, o regresso à escola poderá ser ainda mais desafiante para algumas crianças. Neste sentido, pais e educadores devem centrar-se em medidas específicas de suporte, que promovam uma reintegração escolar que assegure o bem-estar e a saúde física e psicológica da criança e dos pais.
Algumas ideias podem ajudar os adultos a tranquilizar e a preparar a criança para uma melhor adaptação escolar:
- O processo de adaptação escolar também é da responsabilidade da instituição de ensino, que deve estar aberta para lidar com as dificuldades da criança.
- Uma integração gradual pode ajudar a suavizar o impacto das emoções negativas e ajudar a criança a confiar.
- Pais e educadores ou professores devem conversar sobre possíveis alterações emocionais e comportamentais da criança e como lidar com elas.
- É preciso encarar o comportamento da criança pequena como compreensível, visto estar num ambiente desconhecido com pessoas estranhas. Importa dar-lhe pelo menos 15 dias a um mês para se adaptar e poder confiar nos adultos e fazer amizades com os seus pares.
- Uma atitude tranquila e um tom de voz suave são fundamentais para ajudar a criança a expressar-se e a acalmar-se. Não grite, ameace ou critique a criança.
- A criança percebe quando os adultos estão inseguros, por isso é essencial que os pais mostrem confiança na escola e na professora/educadora.
Pais:
- Alguns dias antes, expliquem ao vosso filho o que vai acontecer, atendendo sempre à sua idade e ao seu nível de desenvolvimento. Com as crianças mais pequenas, crie situações semelhantes sob a forma de brincadeira onde inclui actividades e cenários possíveis.
- Mostrem compreensão e nomeiem os sentimentos que a criança pode sentir (medo, confusão) e tentem ajudá-la a encontrar formas de lidar com cada um. Conversem também com a educadora ou professora sobre esta gestão emocional.
- Ajudem o vosso filho a expressar emoções e digam-lhe que pode ter sentimentos diferentes ou até mais do que um sentimento ao mesmo tempo. Todos os sentimentos são naturais, mesmo os negativos.
- Não deixem a criança dormir na vossa cama nem faltar à escola. Isso só vai reforçar a ansiedade e não vai ensiná-la a confiar.
- Falem sobre aspectos positivos da escola e dos amigos.
- Quando chegar o momento de se despedirem da criança é importante que se mostrem seguros e sejam breves, dizendo que irão sair, mas que ao fim do dia irão buscá-la. Nada de mentiras ou de dizer que só vão à casa de banho para depois desaparecerem, esta é a pior solução e trai a confiança da criança.
- No regresso a casa tentem conversar com a criança e perceber como correu o dia, tentando dar-lhe ferramentas para lidar com situações inesperadas ou que não correram tão bem.
- Neste período de adaptação, os pais não se devem atrasar na hora de ir buscar a criança de modo a que ela comece a confiar.
- Sempre que possível a criança deve participar em eventos que a escola promove para ajudar na sua integração e criar um sentimento de pertença.