São do Senegal os novos reis do futebol africano

Carlos Queiroz perdeu, no desempate por pontapés da marca de penálti, a possibilidade de ser o primeiro português a conquistar a Taça das Nações Africanas.

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Reuters/THAIER AL-SUDANI

Há alguns dias, Dior Seck, adepto do Senegal, dizia à Reuters o que significava a Taça das Nações Africanas. “Só me interesso por futebol quando o Senegal joga. Quando isso acontece, é uma sensação que nem sei explicar. Uma vitória impulsiona o país todo e sentimos que o mundo todo fica com uma melhor imagem de nós”.

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Há alguns dias, Dior Seck, adepto do Senegal, dizia à Reuters o que significava a Taça das Nações Africanas. “Só me interesso por futebol quando o Senegal joga. Quando isso acontece, é uma sensação que nem sei explicar. Uma vitória impulsiona o país todo e sentimos que o mundo todo fica com uma melhor imagem de nós”.

Neste domingo, Dior e os seus compatriotas puderam mesmo sorrir. A armada de Dakar, comandada por Aliou Cissé, bateu o Egipto no desempate por pontapés da marca de penálti (0-0 em 120 minutos), na final da CAN, conquistando a maior prova de selecções do continente pela primeira vez – é já o 15º país a estar no “trono” africano.

Do lado contrário, a desilusão coube aos “faraós” e ao português Carlos Queiroz, que falhou a conquista da prova – e seria o primeiro português – e fez prolongar o “jejum” do Egipto, que somou conquistas seguidas em 2006, 2008 e 2010, mas não vence a prova desde 2012 (cinco edições).

Este jogo não foi mais nem menos do que se esperava que fosse, de acordo com a matriz de jogo das equipas: Senegal a dominar e a trabalhar para ter sempre Mané e Sarr em jogo e o Egipto mais expectante, num bloco defensivo denso que permitia a Salah defender pouco e atacar fresco – e muitas vezes sozinho –, sempre que possível.

Ainda antes de estas tendências terem prova cabal no relvado já o Senegal estava na cara do golo. Sadio Mané pôde bater um penálti, mas permitiu a defesa a Gabaski. A primeira parte, ainda que com posse de bola dividida, mostrou um Senegal mais colectivo e capaz de criar perigo, frente a um Egipto mais dependente dos fogachos de Salah – e eles existiram, nomeadamente aos 28’ e aos 43’, com defesas de Mendy.

O Senegal teve uma mão cheia de lances de finalização, por vezes mal definidos, por vezes bem defendidos pelo guarda-redes egípcio.

Na segunda parte houve um jogo menos aberto. O Senegal pareceu começar a sentir o peso da audácia – um golo sofrido teria cada vez mais peso no jogo – e retraiu-se mais, promovendo um jogo menos rico, ainda que com um par de lances resolvidos por Gabaski.

Houve lances de perigo, é certo, mas a partida foi-se tornando mais “morna” a cada minuto que passava: como em muitas finais, quanto mais se aproximava o final mais crescia a prudência.

O árbitro apitou, depois, para mais meia hora de futebol – a quarta vez para o Egipto nesta CAN. Se na segunda parte do jogo já pairava a sensação de haver mais medo de perder do que vontade de ganhar, esta lógica imperou mais ainda no prolongamento.

Mas se alguém poderia vencer era mesmo o Senegal, cujos lances de perigo eram, invariavelmente, resolvidos pelo guardião egípcio – Gabaski foi de longe o melhor em campo, com mais duas defesas de grande qualidade no prolongamento.

Nada mudou e tudo teve de ser decidido no desempate por pontapés da marca de penálti. Aí, imperou o Senegal. Foi Mané quem bateu o pontapé decisivo.