João Rendeiro: Polícia Judiciária encontra escultura que estava num armazém em Alcabideche

Escultura faz parte das 124 obras que foram apreendidas ao ex-banqueiro em 2010.

Foto
Em 2010, tinham sido apreendidas a Rendeiro 124 obras MÁRIO CRUZ

A Polícia Judiciária (PJ) encontrou mais uma obra, das 124 que foram apreendidas a João Rendeiro em 2010, e que estava dada como “desencaminhada”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Polícia Judiciária (PJ) encontrou mais uma obra, das 124 que foram apreendidas a João Rendeiro em 2010, e que estava dada como “desencaminhada”.

Em comunicado, a PJ esclarece esta sexta-feira que foi no âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), e através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, que localizou e apreendeu uma escultura de autor desconhecido, denominada Venezianischer Mohr (mouro veneziano), que se encontrava num armazém em Alcabideche, Cascais, após uma busca não domiciliária levada a cabo naquele local, no dia 1 de Fevereiro.

As autoridades estavam a cumprir dois arrestos de bens: um diz respeito ao processo em que o ex-banqueiro foi condenado a dez anos de prisão efectiva, por crimes de fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais e que ainda não transitou em julgado, e o outro diz respeito ao processo-crime que ainda está em investigação, relacionado com o descaminho dos seus bens, em que é arguida a mulher Maria de Jesus Rendeiro.

Foto
Escultura de autor desconhecido, denominada "Venezianischer Mohr" (mouro veneziano) DR

Esta é a terceira obra do acervo de João Rendeiro que a PJ recupera. Segundo o jornal Expresso, já em Novembro do ano passado, a PJ terá recuperado uma pequena estatueta a representar a “Nossa Senhora com o Menino ao Colo”, que alegadamente pode valer 10 mil euros, no apartamento do motorista do ex-banqueiro, na Quinta Patino, em Cascais. Maia Jesus Rendeiro tem o usufruto deste apartamento durante 15 anos e é onde está a cumprir a prisão domiciliária, aplicada no âmbito do inquérito em que está a ser investigado o descaminho de bens do ex-banqueiro.

Também no dia 21 de Janeiro, a PJ anunciou a recuperação de outra obra: o quadro intitulado “Piaski”, do artista Frank Stella, que se encontrava em exposição numa galeria de arte em Bruxelas, e que tinha sido vendido por João Rendeiro em Março de 2021, pelo valor de 126.274,99 euros, através de uma leiloeira de Nova Iorque.

Referiu a PJ que, uma vez localizado o quadro em questão, mediante pedido de cooperação judiciária internacional, o Ministério Público, através do DCIAP, solicitou às autoridades belgas a formalização da sua apreensão, tendo esta Polícia Judiciária procedido à sua recolha.

Maria de Jesus Rendeiro responde pelo facto de estarem ainda em falta 10 das 124 obras de arte arrestadas ao marido em Outubro de 2010, e das quais era fiel depositária.

Motivo que levou a juíza Tânia Loureiro Gomes ­- que condenou João Rendeiro a dez anos de prisão efectiva, por crimes de fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais, num processo em que está em causa a apropriação indevida de mais de 31 milhões de euros do BPP- a condená-la a pagar uma multa de 1020 euros, por não ter esclarecido o tribunal sobre o paradeiro das obras em falta, alegando não ter condições psicológicas para o fazer. A mulher do ex-banqueiro chegou a chorar em tribunal.

Foram os advogados do BPP que revelaram, no dia 29 de Outubro de 2021, em tribunal, antes de a mulher de João Rendeiro ser ouvida, que tinham provas de que o ex-banqueiro vendeu oito das 124 obras que lhe foram arrestadas em 2010.

De acordo com os advogados, João Rendeiro lucrou 1,3 milhões de euros com a venda destes objectos. Estes bens terão sido vendidos entre 23 de Outubro de 2020 e 1 de Outubro de 2021. Foram também os mesmos advogados que disseram que um desses quadros, que entretanto foi apreendido pela PJ, estava em exposição numa galeria em Bruxelas.