Votação da reforma laboral espanhola chega aos tribunais

Partido Popular fala em fraude. PSOE insinua que o principal partido da oposição comprou os deputados navarros que viraram o seu voto. Reforma laboral apenas passou por um erro de um deputado do PP.

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O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e a ministra da Economia, Nadia Calviño, terça-feira no Congresso de Deputados Reuters/JUAN MEDINA

O Tribunal de Instrução n.º 47 de Madrid encetou diligências para determinar se houve delito informático na votação de quinta-feira no Congresso espanhol que aprovou, com um voto de diferença, a reforma laboral em Espanha.

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O Tribunal de Instrução n.º 47 de Madrid encetou diligências para determinar se houve delito informático na votação de quinta-feira no Congresso espanhol que aprovou, com um voto de diferença, a reforma laboral em Espanha.

Segundo o auto, citado pela Europa Press, o procurador encarregado da instrução refere que a decisão é feita a pedido de um particular que solicitou à Guarda Civil que requisite o computador onde votou o deputado do Partido Popular (PP), Alberto Casero, que disse ter experimentado problemas técnicos na altura de votar.

Na votação renhida de terça-feira, a reforma laboral promovida pelo Governo de coligação do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o Unidas Podemos passou por apenas um voto, exactamente o de Casero, que afirma que o seu “sim” ao decreto é um erro que não corresponde à sua escolha.

Pablo Casado, o líder do PP, falou esta sexta-feira em “fraude” à Constituição, ao mesmo tempo que Adriana Lastra, vice-secretária-geral do PSOE, acusava o principal partido da oposição de ter comprado os dois deputados da União do Povo Navarro, que votaram contra o projecto, apesar de a direcção do partido ter acordado com o Governo o voto favorável.

“Houve aqui um caso de vira-casacas político e falta saber o preço que pagou o PP”, disse a dirigente socialista citada pelo El País, insinuando que os populares teriam comprado os dois decisivos votos dos navarros, que mudaram o seu sentido de voto à última hora e teriam servido para chumbar a reforma não fosse o erro de Casero.

Para o El Español, o que se passou na quinta-feira “é o melhor exemplo possível da degradação das instituições a que conduziu a incapacidade de populares e socialistas para pactuar nos grandes assuntos de Estado”. Segundo o editorial do jornal online, essa incapacidade de diálogo ao centro tem transformado a política espanhola “numa permanente ópera bufa”.

O PP acusa a presidente do Congresso, a socialista Meritxell Batet, de não atender aos seus protestos e validar um resultado erróneo, ao mesmo tempo que a Mesa do Congresso garante que não houve qualquer erro informático.

“O que ontem [quinta-feira] vivemos é um atropelo democrático aos direitos dos representantes políticos”, disse Pablo Casado, acusando o PSOE de “contrariar a vontade de um deputado para aprovar pela porta de trás um decreto”.

“Estão a exagerar no teatro para não falar do que é importante, a reforma laboral”, respondeu Lastra, que aconselhou a direcção do principal partido da oposição “a ensinar os seus deputados a votar telematicamente”. Casero queixou-se que o sistema informático de voto à distância estava deficiente porque contabilizou o seu “não” como “sim”.