Estamos em seca. Saiba como poupar água
Face à actual situação, assegurar a sustentabilidade ambiental é mais urgente do que nunca. Damos nove dicas para reduzir o consumo diário de água.
No início do ano, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já deixava o alerta: até Fevereiro é “muito provável” que a situação de seca se agrave em Portugal. E a verdade é que no primeiro dia do mês, todo o país se encontra em seca e não há sinais de mudança. Os baixos níveis de água registados em determinadas barragens obrigaram, nesta terça-feira, o Governo a aplicar restrições no que toca à produção hidroeléctrica, consequência do agravamento da situação de seca. Mas há pequenos gestos em casa que podem reduzir em muito o consumo de água.
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No início do ano, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já deixava o alerta: até Fevereiro é “muito provável” que a situação de seca se agrave em Portugal. E a verdade é que no primeiro dia do mês, todo o país se encontra em seca e não há sinais de mudança. Os baixos níveis de água registados em determinadas barragens obrigaram, nesta terça-feira, o Governo a aplicar restrições no que toca à produção hidroeléctrica, consequência do agravamento da situação de seca. Mas há pequenos gestos em casa que podem reduzir em muito o consumo de água.
Para garantir a disponibilidade de recursos hídricos, é essencial que exista um planeamento e gestão dos gastos. “Não basta poupar água quando ela já não existe ou quando já começa a escassear. O que temos de pensar é, no fundo, o que é que cada cidadão pode fazer para minorar esse problema”, começa por explicar, ao PÚBLICO, a presidente da direcção nacional da Quercus, Alexandra Azevedo.
Por seu lado, Sara Correio, da Zero — Associação Sistema Terrestre Sustentável, explica que, “quando se fala em desperdício de água, quase sempre é referido aquele que acontece no uso doméstico de água, nas actividades quotidianas”. Assim, “a solução passa por colocarmos em prática um conjunto de medidas simples para reduzir o consumo nas actividades do dia-a-dia”.
Fechar a torneira enquanto se escova os dentes ou lava a loiça, tomar duches rápidos ou optar por programas de lavagem mais curtos são alguns dos conselhos mais divulgados. Há dicas para todos e, por isso, a lista não fica por aqui:
Mais alimentos sazonais, menos carne
A agro-pecuária é o sector que mais contribui para o consumo de água e o primeiro passo passa pela alteração dos hábitos de consumo alimentares de cada pessoa. Consumir alimentos sazonais e de produção local e regional é uma das opções que ajudam no combate ao desperdício “e, com a redução do consumo de carne, estamos automaticamente a reduzir a nossa dependência de água para a produção de alimentos”, salienta.
Usar caixote do lixo na casa de banho
O uso de caixote do lixo na casa de banho evita descargas de água desnecessárias e problemas nas estações de tratamento de águas residuais (ETAR).
Lavar o carro apenas quando necessário
Recorrendo a um balde para ensaboar e uma mangueira para enxaguar. Uma lavagem de dez minutos apenas com recurso a mangueira pode consumir até 200 litros.
Usar as máquinas de lavar roupa e loiça apenas quando tiverem a carga máxima
Além disso, utilizar o programa eco, já que, em média, este programa poupa cerca de 25% em electricidade e cerca de 20% em água face ao normal. Quando comprar um destes electrodomésticos, esteja atento à etiqueta energética. Sempre que possível, opte pelos aparelhos que gastam menos energia. E se o seu esquentador antigo já só trabalha “no máximo”, lembre-se de que tem de gastar ainda mais água para arrefecer a água aquecida em excesso.
Controlar os consumos
“O consumo de um simples café envolve um gasto de 140 litros de água, a produção de uma folha de papel necessita de dez litros de água e a produção de um litro de água engarrafada envolve três litros de água”, exemplifica a Zero. Portanto, todos os produtos, desde os têxteis, os equipamentos tecnológicos, os alimentos que consumimos, entre muitos outros, “necessitam de água para a sua produção, pelo que, se reduzirmos o consumo desses produtos, estamos também a reduzir o nosso consumo de água”.
Recolher a primeira água do duche e a água utilizada para lavar vegetais e fruta
Essa água pode ser usada para lavar o chão, abastecer o autoclismo e regar o jardim. Deve ser recolhida em baldes ou garrafões. O ponto-chave aqui passa por não desperdiçar água que, mesmo que não possa ser usada para consumo, deve ser utilizada noutras actividades.
Redutores de água e autoclismos
Colocar garrafas, tijolos ou os mais variados objectos no autoclismo para que a descarga de água seja menor não são novidade. No entanto, para quem quer soluções mais elaboradas, a solução passa por adquirir redutores de água. Para as torneiras, opte pela instalação de um misturador de água quente e fria.
Agricultura sustentável
Para Alexandra Azevedo, para mitigar ou combater o problema da escassez de água, existem soluções indirectas que não passam por esperar que chova, até porque, defende, “a água planta-se”. Uma das alternativas é a aposta nas medidas que promovam uma agricultura sustentável e mais amiga do ambiente e, simultaneamente, aumentem a matéria orgânica dos solos, para que seja necessária menos rega. “Não é preciso ter água para regar, nós o que precisamos é do mínimo de água para rega. Se tivermos culturas adaptadas e com maior retenção de água no solo, mesmo que se faça rega, já não vai ser com tanta intensidade”, completa.
Abordagem mais próxima da natureza
Outra solução é apostar na diversidade biológica e genética através da plantação de árvores nativas em detrimento das ornamentais. Cada pessoa deve ainda ter em conta o porte das plantas, privilegiando as mais pequenas. “Se plantarmos árvores de maior porte, elas vão sofrer porque não se vão desenvolver tão bem e vão estar mais dependentes de mais cuidados de rega e mesmo com a rega vão morrer num curto espaço de tempo”, explica Alexandra.
Espaços (mais) naturais nas cidades
Para quem vive no meio urbano, espaços verdes ou parques não são suficientes para combater a escassez de água, até porque na grande maioria dos casos, é necessário a instalação de novos relvados e árvores que podem não sobreviver.
“Para fazer chover, é preciso que as pessoas se envolvam mais no cuidado do seu território”, afirma a porta-voz da Quercus. O processo passa também pela colaboração com autarquias com o objectivo de criar espaços mais naturais dentro das próprias cidades, como as miniflorestas — alternativa cada vez mais importante que, para além de ajudar na biodiversidade, reduz os níveis de poluição do ar.