Falta de semicondutores manteve compra de carros no vermelho

Dados de Janeiro de 2022 revelam uma quebra homóloga de 3% no mercado português. Nos ligeiros, o recuo é de 3,3%. Energias alternativas seguem em alta.

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O mercado nacional caiu 3%, mas nas energias alternativas o crescimento foi de 17,8% Nelson Garrido (arquivo)

A compra de carros em Portugal continua pelas ruas da amargura, na perspectiva das marcas. Em Janeiro de 2022, segundo a associação que as representa, a ACAP, foram matriculados pelos representantes oficiais de marca 12.141 veículos automóveis em Portugal, ou seja, menos 3% do que no mesmo mês do ano anterior. É o sétimo mês consecutivo a registar uma variação homóloga negativa.

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A compra de carros em Portugal continua pelas ruas da amargura, na perspectiva das marcas. Em Janeiro de 2022, segundo a associação que as representa, a ACAP, foram matriculados pelos representantes oficiais de marca 12.141 veículos automóveis em Portugal, ou seja, menos 3% do que no mesmo mês do ano anterior. É o sétimo mês consecutivo a registar uma variação homóloga negativa.

“Este comportamento menos favorável do mercado, designadamente, nos veículos ligeiros que caíram 3,3%, reflecte essencialmente problemas nas entregas devido à crise dos semicondutores”, justifica a ACAP.

A excepção chama-se energias alternativas. Entre eléctricos, híbridos e outros combustíveis como o GPL, estes segmentos continuaram a crescer, com um aumento homólogo de 17,8% face a 2021. “Em particular, verifica-se um aumento de 131,7% nos veículos eléctricos (BEVbattery electric vehicles) em comparação com o mesmo mês de 2021”, salienta a ACAP.

Em Janeiro de 2019, antes da pandemia, compraram-se em Portugal 14.423 veículos. Ou seja, venderam-se mais 18,8% nesse mês face ao mesmo mês de 2022, isto depois de um ano negro de 2020, com uma quebra global de 33,9% e de um ano de ténue recuperação em 2021, em que o crescimento de 1,9% é tão baixo que o sector olhou para o resultado como sinal de estagnação.

No principal mercado, o dos ligeiros de passageiros, a Peugeot manteve em Janeiro a dianteira entre as marcas, posição que consolidou em 2021, roubando a liderança à Renault, que foi a marca mais vendida durante 23 anos consecutivos. No primeiro mês de 2022 foram matriculados 9829 ligeiros de passageiros, o que representa uma queda homóloga de 2%.

No mercado de ligeiros de mercadorias o decréscimo foi de 9,7% em termos homólogos, para 1894 unidades matriculadas.

"​Quanto ao mercado de veículos pesados, o qual engloba os tipos de passageiros e de mercadorias, em Janeiro de 2022, verificou-se um aumento de 8,6% em relação ao mês homólogo de 2021, tendo sido comercializados 418 veículos desta categoria”, revela a ACAP.

A história muda de figura se se olhar para os BEV e híbridos (plug-in e convencionais). O aumento nestas motorizações, como se referiu, foi de 17,8%. Nos BEV, as marcas Peugeot, Hyundai e Audi foram as mais vendidas e as que mais contribuíram para o crescimento de 424 carros em 2021 para 1061 em 2022.

Nos híbridos plug-in (PHEV), houve uma quebra homóloga de 50% na opção eléctrico/diesel, parcialmente compensada por um crescimento de 47,3% no eléctrico/gasolina, que é de resto a motorização mais vendida no segmento dos PHEV. No cômputo geral, este segmento regista uma variação homóloga positiva de 26,6% face a Janeiro de 2021.

Por marcas, BMW, Volvo e Mercedes são as marcas que mais unidades PHEV venderam em Janeiro.

Em termos de quota de mercado de ligeiros, o gasóleo continua na sua rota descendente. Há um ano ainda valia cerca de 29%, agora representa 20% das vendas do mês. O motor a gasolina estava com 35,9% em Janeiro de 2021, um ano depois sobe para 37,9%. Os BEV saltaram de 4,1% para 9,7% nas vendas mensais e os PHEV são agora 12,8% quando há um ano constituíam 10% das vendas do mês.

Os híbridos eléctricos convencionais, que não se podem recarregar na tomada (HEV), registaram uma quebra homóloga de 13,9% em Janeiro. Perderam quota de mercado, baixando dos 20% do ano passado para 17,4%.

Como o PÚBLICO noticiou, em 2021 venderam-se 6,6 milhões de eléctricos em todo o mundo (dos quais 13.614 em Portugal). A quota de mercado mundial dos BEV ronda os 9%, três vezes mais do que dois anos antes.

Os consumidores portugueses são dos europeus mais interessados na compra de eléctricos, apesar da diferença de preços, segundo o Inquérito ao Clima hoje divulgado pelo Banco Europeu de Investimentos.

Os dados da associação da indústria automóvel na Europa (ACEA) mostram, no entanto, que a adesão cada vez maior aos veículos de emissões baixas pouco tem mudado o panorama poluidor do parque automóvel europeu.

Números revelados em meados de Janeiro mostram que os BEV são apenas 0,5% dos ligeiros de passageiros nas estradas da UE, os PHEV são 0,6% e os HEV são 1,2%.

Em Portugal, os números estão em linha com o resultado europeu, de 0,5%, 0,6% e 1,1%, respectivamente.