I Liga teve um Inverno frio nos plantéis

Uma viagem pelos últimos cinco mercados de Inverno mostra que FC Porto, Sporting, Benfica e Sp. Braga reduziram, em conjunto, nesta temporada, o ímpeto reformista a meio da época.

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O Benfica mexeu pouco no plantel no mercado de Janeiro EPA/MIGUEL A. LOPES

Em média, os três “grandes” e o Sp. Braga fizeram 26 mexidas no mercado de Inverno nos últimos cinco anos. Desta vez, na janela que encerrou nesta segunda-feira, ficaram-se pelas 16. Houve menos nove transferências entre os quatro clubes, englobando saídas e entradas – sempre no prisma dos jogadores que faziam parte do plantel principal ou que entraram para esse lote.

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Em média, os três “grandes” e o Sp. Braga fizeram 26 mexidas no mercado de Inverno nos últimos cinco anos. Desta vez, na janela que encerrou nesta segunda-feira, ficaram-se pelas 16. Houve menos nove transferências entre os quatro clubes, englobando saídas e entradas – sempre no prisma dos jogadores que faziam parte do plantel principal ou que entraram para esse lote.

Uma viagem pelos últimos cinco mercados de Inverno mostra que FC Porto, Sporting, Benfica e Sp. Braga reduziram, nesta temporada, o ímpeto reformista a meio da temporada. Em 2020/21, por exemplo, foram 22 mexidas e mesmo esse valor já era abaixo do habitual: nas três temporadas anteriores tinham existido 27, 29 e 27 mudanças, respectivamente.

Um olhar mais detalhado permite perceber que o FC Porto até fez mais negócios – sete mexidas, contra as cinco que fazia em média –, mas os outros três clubes reduziram as alterações nos plantéis em Janeiro. É certo que o Sp. Braga, com cinco negócios, se manteve perto da sua média (sete), mas o Benfica e o Sporting reduziram bastante o ímpeto.

Os encarnados, tradicionalmente os que menos mexem em Janeiro, fizeram apenas uma alteração no plantel principal (saída de Ferro) e o Sporting, o clube que mais costuma mexer, fez “apenas” quatro alterações (em média, fazia dez).

Aqui entra o plano da quantidade versus qualidade. Os “leões” não estiveram envolvidos em tantos negócios como tem sido habitual, mas os que houve foram feitos “com pinças”. A equipa conseguiu libertar dois jovens jogadores que estavam em espiral de desvalorização, Jovane e Tiago Tomás, adicionando duas soluções teoricamente mais fortes do que os que saíram: Marcus Edwards e Islam Slimani. Em teoria, é um mercado ganhador para a equipa de Alvalade.

Se no FC Porto e no Sp. Braga os dados são mais ou menos estáveis, no Sporting e no Benfica poderão existir explicações que não fazem destes números meras trivialidades.

No caso do Sporting há uma causa-efeito natural que remete para os resultados, por um lado, e para o próprio projecto do clube, por outro. O Sporting é, agora, uma equipa competitiva na luta pelo título, algo que naturalmente reduz a necessidade de mexer em Janeiro – seja para acrescentar valências ou para se libertar de jogadores desaproveitados.

Depois, a chegada de Rúben Amorim alterou o paradigma de construção do plantel. O técnico já explicou que quer um plantel curto, algo que também influi na menor necessidade de libertar excedentários a meio da temporada.

Também no caso do Benfica há uma natural redução no volume de negócios quer nas compras quer nas vendas. No capítulo das vendas poderá tratar-se da natural desvalorização de vários activos, espoletada por uma temporada de mau desempenho global da equipa. Outro motivo poderá ser que alguns dos excedentários mais relevantes são também os que salários mais altos auferem, tornando-se fardos pesados para quem os quiser – nomes como Pizzi, Taarabt, André Almeida, Vertonghen ou Seferovic. E nada disto vai ao encontro do que Nélson Veríssimo e Rui Costa tinham idealizado há algumas semanas, quando ambos admitiram que o Benfica teria de ter um plantel bastante mais curto.

No prisma das compras, os resultados poderão também explicar a redução negocial: com campeonato praticamente perdido e a Champions como objectivo irreal, o clube dificilmente se aventuraria em adições importantes ao plantel – mais ainda quando parece longe de garantida a continuidade de Nélson Veríssimo, que teria de dar aval a esses eventuais reforços.