Trump diz que Pence podia ter anulado a eleição de Biden

Ex-Presidente alega que o seu vice “tinha o direito de mudar o resultado” e critica reforma da Lei da Contagem Eleitoral.

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Mike Pence e Donald Trump MICHAEL REYNOLDS/EPA

Mais de um ano depois do ataque ao Capitólio, Donald Trump deu a entender que queria que o seu vice-presidente, Mike Pence, tivesse anulado a 6 de Janeiro de 2021 os resultados das eleições presidenciais em que foi derrotado pelo actual Presidente, Joe Biden.

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Mais de um ano depois do ataque ao Capitólio, Donald Trump deu a entender que queria que o seu vice-presidente, Mike Pence, tivesse anulado a 6 de Janeiro de 2021 os resultados das eleições presidenciais em que foi derrotado pelo actual Presidente, Joe Biden.

“Mike Pence tinha o direito de mudar o resultado. Infelizmente, ele não exerceu essa competência. Ele poderia ter anulado a eleição!”, disse o ex-Presidente dos EUA num comunicado publicado no domingo.

É a primeira vez que Trump apoia tão abertamente a teoria de que Pence, como vice-presidente e, portanto, presidente do Senado, poderia ter anulado os resultados nos estados em que ele considerou que foi cometida fraude eleitoral em favor de Biden, como Trump e seus apoiantes ainda insistem um ano depois.

“Se o vice-presidente não tinha ‘o direito’ de alterar no Senado os resultados das eleições presidenciais, apesar das fraudes e inúmeras irregularidades, por que razão os democratas e os republicanos só de nome, como a ‘Wacky’ Susan Colins, estão a tentar desesperadamente aprovar uma lei para não permitir ao vice-presidente alterar os resultados das eleições?”, disse Trump.

O ex-Presidente norte-americano refere-se à proposta de reforma da Lei da Contagem Eleitoral, em vigor desde 1887, que estabelece que o trabalho do vice-presidente é cerimonial e não lhe dá nenhum poder para anular o resultado de uma eleição presidencial.

A congressista democrata Zoe Lofgren explicou que a revisão da norma se deve a ter-se tornado obsoleta e ao facto de outros congressistas tentarem tirar proveito da sua “ambiguidade” em certas questões. “Mas, francamente, acho que as funções do vice-presidente não serão afectadas”, afirmou Lofgren em declarações à CNN, antes de ironizar: “Depois Kamala Harris escolherá quem será o próximo Presidente.”

Por sua vez, o congressista republicano Adam Kinzinger classificou as palavras de Trump como “uma admissão de culpa e enormemente anti-americanas”. “É hora de todos os líderes republicanos escolherem um lado: ou Trump ou a Constituição. Não há lugar para mais meias medidas na defesa da nossa nação”, escreveu no Twitter.

Harris passou perto de bomba

A então vice-presidente eleita dos Estados Unidos, Kamala Harris, passou a poucos metros de uma bomba caseira plantada perto da sede da Comissão Nacional Democrata (CND) em Washington, a 6 de Janeiro de 2021, o dia em que os apoiantes de Donald Trump invadiram o Capitólio para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições de Novembro de 2020.

Já se sabia que Harris estivera perto da bomba, mas até agora não se sabia que a distância fosse tão próxima. Segundo avança esta segunda-feira a CNN, Kamala Harris “chegou à sede da CND em Washington por volta das 11h30 (hora local), com a sua comitiva, pela garagem que leva ao estacionamento onde as forças de segurança descobriram a bomba”.

De acordo com uma fonte da polícia, citada pela estação noticiosa norte-americana, os agentes dos Serviços Secretos “verificaram o interior do edifício, a saída, o estacionamento e as entradas antes” de Harris chegar e, após a descoberta do engenho explosivo, a vice-presidente eleita foi “evacuada através de uma rota alternativa.”