Só falta mobília para abrir a primeira residência estudantil gerida por alunos

O prédio tem ainda algumas infiltrações por resolver mas, no próximo ano lectivo, o alojamento nascido de uma parceria entre autarquia, UP e FAP já estará a funcionar.

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Rui Moreira visitou as instalações com António de Sousa Pereira, reitor da UP, e Ana Gabriela Cabilhas, presidente da FAP Rui Oliveira

Ao prédio que anteriormente estava destinado para ser usado pelo Centro Social da Sé Catedral do Porto (CSSCP) faltam apenas umas obras de cosmética para poder funcionar já no próximo ano lectivo como a primeira residência para estudantes do ensino superior a ser gerida por alunos. A obra já estava feita. Falta agora resolver alguns problemas de infiltrações e equipar os quartos as áreas comuns. O objectivo desta parceria a três, entre a Câmara do Porto, a Universidade do Porto (UP) e a Federação Académica do Porto (FAP), é experimentar um novo modelo de gestão de alojamento para estudantes, numa zona da cidade fustigada pela saída de antigos moradores, onde a autarquia diz querer ver mais jovens a residir.

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Ao prédio que anteriormente estava destinado para ser usado pelo Centro Social da Sé Catedral do Porto (CSSCP) faltam apenas umas obras de cosmética para poder funcionar já no próximo ano lectivo como a primeira residência para estudantes do ensino superior a ser gerida por alunos. A obra já estava feita. Falta agora resolver alguns problemas de infiltrações e equipar os quartos as áreas comuns. O objectivo desta parceria a três, entre a Câmara do Porto, a Universidade do Porto (UP) e a Federação Académica do Porto (FAP), é experimentar um novo modelo de gestão de alojamento para estudantes, numa zona da cidade fustigada pela saída de antigos moradores, onde a autarquia diz querer ver mais jovens a residir.

A cozinha já está praticamente equipada e os 20 quartos, as áreas comuns e uma sala de estudo que servirá não apenas os residentes, mas toda a academia, estão prontos para serem mobilados. O edifício, que dispõe ainda de uma lavandaria e aquecimento, está preparado para receber pessoas com mobilidade reduzida – tem elevador e plataforma elevatória – e será a casa de pelo menos duas dezenas de alunos. Para abrir portas terão de ser apagadas dos tectos algumas manchas de humidade, que ali se entranhou porque o prédio esteve fechado por um longo período de tempo.

E esteve fechado, diz o presidente da câmara do Porto, que visitou as instalações esta quinta-feira de manhã com António de Sousa Pereira, reitor da UP, e Ana Gabriela Cabilhas, presidente da FAP, porque o CSSCP nunca quis mudar-se para ali “por razões desconhecidas”, reconhecendo, por força das ruas estreitas, não ser de acesso fácil, sobretudo para viaturas de emergência.

O edifício, afirma, “esteve sempre desocupado”. No âmbito dos planos definidos para o Morro da Sé, foi reabilitado pela Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) para o fim anteriormente referido. Um dos objectivos por se ter optado pela mudança de utilização do espaço prende-se com a vontade da autarquia de “atrair jovens” para a Sé, de onde muitos moradores saíram durante as obras de reabilitação levadas a cabo pela SRU e não quiseram voltar ou por terem sido vítimas de um mercado imobiliário florescente que lançou o apelo a senhorios que não resistiram à tentação de valores muito acima dos praticados até há uns anos.

Havendo novo destino para o edifício, o reitor da UP diz poder agora contar com mais 20 camas, que se juntam às 1100 geridas pela universidade – durante a pandemia, como alguns quartos eram duplos, só 900 dessas é que estão disponíveis. Mas mais foram subcontratadas ao ministério da Defesa em instalações militares. Actualmente, a UP tem mais cinco projectos em marcha para conseguir mais 700 camas. Dois deles serão concretizados em parceria com a câmara – uma no edifício do quartel frontal do Monte Pedral e outra também na Sé. Mas para avançarem será necessário financiamento proveniente do PRR.

Estas novas residências serão construídas sobretudo para estudantes de classe média/baixa, para quem existe mais escassez, com preços a rondar os 76 euros por mês. Na cidade existem mais residências privadas, cerca de 6 mil, mas com outros valores de arrendamento.

Ana Gabriela Cabilhas diz que “o problema do alojamento estudantil é crónico”. À frente deste projecto-piloto de gestão a cargo da FAP, equaciona poder rentabilizar o espaço, admitindo que este edifício da Rua da Bainharia possa acolher mais estudantes. Sublinha ainda que o modelo de gestão ainda está a ser trabalhado, mas será de “arrendamento acessível e a custos controlados”.

Queixas de moradores

Antes da visita à nova residência para estudantes, Rui Moreira visitou outro prédio, ainda em obras a cargo da SRU, na Rua de Sant’Ana, não muito longe dali, para arrendamento acessível. Mas só o fez depois de ser interpelado por um morador da Sé que não foi seleccionado em candidatura feita para arrendar casa com uma renda que pudesse pagar. O edifício que está a ser reabilitado irá dispor de 14 apartamentos, com o arrendamento de um T2 a rondar os 500 euros mensais.

Pergunta-se se compreende a irritação do morador. “Não teve sorte no primeiro sorteio em que esteve presente. É natural que quando as pessoas não têm sorte fiquem incomodadas e irritadas. Acho perfeitamente compreensível...”, responde Rui Moreira.