Os Club Makumba são música de resistência, dança como libertação
Tó Trips e João Doce, “homens do rock”, juntaram-se a Gonçalo Prazeres e Gonçalo Leonardo, “pessoal do jazz”. Desenharam um mapa à volta do Mediterrâneo, inspiraram-se n’A Jangada da Medusa de Gericault e criaram a música que traduzisse ambos. Club Makumba é o resultado. Banda em transe.
Entramos pelo terreiro que é esta música dentro e não demoramos a perceber, ou melhor, a sentir, onde chegamos. Uma guitarra enfurecida por choques eléctricos rock’n’roll e um saxofone que baila em frenesim, qual dervixe enfeitiçado pelo balanço infatigável do contrabaixo, groove jazz apontado ao cosmos, e pela torrente luxuriante do ritmo, percussão alucinada de tarola e pandeiretas febris. Entramos pelo terreiro e percebemos. O terreiro não é um terreiro, antes uma banda a dar som e corpo a um território vasto, múltiplo, a orla do Mediterrâneo reunindo-se num mesmo ponto, braços estendidos às Américas.