Um poema escrito por mais de 20 mil pessoas vai ser enviado para o espaço

No final do mês segue para o espaço um poema escrito por pessoas de todo o mundo. Enviado a partir do Chile, o lançamento terá lugar no Ácrux, Festival de Poesia e Ciência do Estreito de Magalhães. E ainda podes participar.

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Giuseppe Famiani, Unsplash

Tengo ligramas en las marachas: é com as palavras escritas por Dadá Saiz, uma jovem madrilena, que se dá início ao Poema Universal. Sem significado aparente, talvez se possa dizer que é de uma forma abstracta que se começa esta iniciativa.

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Tengo ligramas en las marachas: é com as palavras escritas por Dadá Saiz, uma jovem madrilena, que se dá início ao Poema Universal. Sem significado aparente, talvez se possa dizer que é de uma forma abstracta que se começa esta iniciativa.

Escrito por pessoas de todo o mundo, através de participações via Twitter, SMS ou directamente no site, o poema será enviado para o espaço a partir de Punta Arenas, no Chile. A 30 de Janeiro, pelas 23h30 chilenas (menos três horas do que em Portugal), a mensagem segue para a nebulosa Saco de Carvão, a 600 anos-luz da Terra. Enviados via satélite, os versos, que já são mais de 20 mil, só chegarão ao destino em 2622.

O evento de lançamento terá lugar no Ácrux, Festival de Poesia e Ciência do Estreito de Magalhães, a decorrer até 2 de Fevereiro, em Punta Arenas.

Em Dezembro de 2020, os organizadores do Festival Poetas, de Madrid, viram-se forçados a cancelar os planos, devido à covid-19. Em alternativa, desafiaram o público a escrever um poema sem fim. E foi assim que nasceu o Poema Universal, conta Celeste Afonso, fundadora da Bridges in Culture e coordenadora portuguesa do Ácrux.

O colectivo Casagrande, composto por poetas chilenos, “conhecido por desafiar os limites da poesia”, sublinha Celeste, decidiu avançar com o Ácrux, ligando Chile, Portugal e Espanha.

Partindo do passado e de personalidades que foram decisivas para os avanços da humanidade, em particular Fernão de Magalhães, com a primeira circum-navegação, o Ácrux reúne poetas e cientistas para “discutir o presente e perspectivar o futuro”, conta Celeste ao P3. “É uma festa da ciência, da poesia e da humanidade. Celebra-se num tempo sem fronteiras (geográficas ou disciplinares) e quer, a partir de figuras do passado, pensar e discutir o presente, usando a ciência e a poesia – duas linguagens tão complementares – para depois pensar no futuro.”

O Poema Universal ainda está em construção e aberto a quem queira participar: a submissão de versos é possível até ao momento do lançamento, ou seja, até às 02h30 de Portugal, no dia 31 de Janeiro.

Com a primeira edição a realizar-se no Chile, o Ácrux chega a Portugal nos finais de Setembro de 2022, a Castelo de Vide. Terá destacada a imagem de Garcia de Orta, a “importância da observação, da experimentação e do conhecimento para explorar o futuro científico, através da sua relação com a literatura em geral e a poesia em particular”, pode ler-se em comunicado.

Texto editado por Ana Maria Henriques