Para o Governo russo, Navalny é oficialmente um “terrorista”
Vários aliados do político da oposição russa foram incluídos numa lista de “terroristas e extremistas”. No ano passado, a sua organização já tinha sido desmantelada.
As autoridades russas puseram o mais destacado político da oposição, Alexei Navalny, numa lista de “terroristas e extremistas”, bem como vários dos seus aliados, colocando-os ao lado de grupos armados como os taliban ou o Daesh.
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As autoridades russas puseram o mais destacado político da oposição, Alexei Navalny, numa lista de “terroristas e extremistas”, bem como vários dos seus aliados, colocando-os ao lado de grupos armados como os taliban ou o Daesh.
Trata-se de mais uma medida por parte do Governo russo para tentar descredibilizar e criminalizar um dos poucos movimentos de oposição política a Vladimir Putin, no poder há 22 anos. No ano passado, um tribunal de Moscovo já tinha designado todas as organizações ligadas à Fundação Anticorrupção fundada por Navalny como “extremistas” e proibido todas as pessoas que alguma vez colaboraram com elas de concorrer a um cargo público.
O Serviço Federal de Monitorização Financeira publicou nesta terça-feira uma lista de indivíduos considerados apoiantes de organizações “terroristas e extremistas” em que estão incluídos Navalny e muitos dos seus aliados mais conhecidos, como a sua advogada, Liubov Sobol, ou o activista anticorrupção Georgii Alburov, diz o Moscow Times.
No início do mês, os dois responsáveis pela gestão das actividades da rede fundada por Navalny no exílio, Leonid Volkov e Ivan Zhdanov, já tinham sido incluídos nesta lista. Esta designação tem o efeito prático de vedar a estas pessoas acesso ao sistema financeiro russo e de congelar as suas contas bancárias em instituições nacionais.
Navalny foi preso há cerca de um ano, ao regressar à Rússia, depois de ter passado alguns meses na Alemanha, onde esteve hospitalizado após ser vítima de envenenamento. Vários governos europeus consideram que o activista político foi alvo de uma tentativa de assassínio por parte dos serviços secretos russos, mas o Kremlin nega qualquer envolvimento.
Navalny, que foi galardoado com o Prémio Sakharov no ano passado, cumpre uma pena de dois anos e oito meses de prisão por ter violado a liberdade condicional quando foi hospitalizado em Berlim. O oposicionista já tinha sido condenado num caso de fraude que o próprio diz ter como único objectivo a sua neutralização política.
A nomeação oficial de Navalny como “terrorista” pelos serviços financeiros federais russos surge num contexto de enorme tensão entre a Rússia e o Ocidente. A União Europeia e os EUA consideram que o regime de Putin persegue o activista por recear enfrentá-lo em eleições e continuam a exigir a sua libertação.
Num sistema político totalmente hermético, em que a oposição a Putin é facilmente controlada pelo Kremlin, Navalny tornou-se uma das únicas personalidades que, dentro do país, se assumem frontalmente como críticos do regime. Começou por denunciar os casos de corrupção entre o círculo próximo do Presidente, mas actualmente contesta o autoritarismo e a ausência de liberdades e direitos políticos na Rússia.