Turista faz saudação nazi em Auschwitz: “Uma brincadeira estúpida”. Foi detida e multada

Um gesto inaceitável em qualquer sítio, ainda mais inaceitável num local como o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. “É um desrespeito para com todas as vítimas”. A 27 de Janeiro marcam-se os 77 anos da libertação do campo.

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EPA/ANDRZEJ GRYGIEL

Uma turista holandesa foi detida na Polónia após fazer a saudação nazi à frente dos portões do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau.

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Uma turista holandesa foi detida na Polónia após fazer a saudação nazi à frente dos portões do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau.

Trata-se de uma mulher de 29 anos, tendo o incidente ocorrido no domingo, informaram as autoridades polacas. A turista foi detida, juntamente com o marido. Os dois foram levados para a esquadra de Oświęcim​, onde foram interrogados e, posteriormente, multados.

A turista terá pedido ao marido para tirar-lhe uma fotografia à frente do portão onde se inscreve a infame expressão inscrita pelos nazis, Arbeit Macht Frei (O trabalho liberta). Foi então que terá decidido fazer a saudação nazi.

Segundo confirmou Bartosz Izdebski, do gabinete de comunicação do Memorial de Auschwitz, os seguranças chamaram a polícia ao verem a cena.

“Uma brincadeira estúpida”, terá justificado a mulher à polícia, como adiantou o porta-voz da mesma à CNN. O Procurador Distrital em Cracóvia multou a protagonista da cena, acusando-a de promoção ao nazismo, um crime na Polónia. Não foram revelados os dados sobre a multa. A lei polaca prevê pena de prisão até dois anos para tal crime.

A saudação nazi, comentou o Memorial de Auschwitz em nota à imprensa, está "associada ao terrível sofrimento humano” e é “plena de desprezo e ódio”. “Embora não deva estar presente de todo no espaço público, a sua utilização na área do antigo campo é inaceitável”. É um desrespeito para com todas as vítimas”, sublinha-se.

O comunicado deixa ainda um aviso: “Esperamos que a reacção imediata da segurança do Memorial seja um aviso a todas as pessoas que possam ponderar usar a área do Memorial como palco para manifestações vergonhosas similares”, continuou.

“Vi muitas coisas horríveis e de pesadelo nesta guerra, mas o que testemunhei em Auschwitz ultrapassa a imaginação”, escreveu o militar soviético Georgi Elisavestski numa carta à mulher, quando já era comandante do campo, depois de o Exército Vermelho ter assumido o controlo - um testemunho recordado no PÚBLICO 70 anos após a libertação do campo, que ocorreu em 1945. Auschwitz-Birkenau era o maior campo de concentração nazi e estimam-se em mais de 1,1 milhões de homens, mulheres e crianças ali sistematicamente assassinados, muitos deles nas câmaras de gás do campo, actualmente museu e memorial aberto a visitantes. "A luta pela memória é a luta do presente”, escrevia-se no PÚBLICO em 2020.

A “brincadeira estúpida” da turista não é inédita. Como recorda a BBC, em 2013, dois estudantes turcos fizeram saudação semelhante e foram multados e condenados a seis meses de prisão, suspensos por três anos. Outra “brincadeira estúpida” com a saudação proibida, por exemplo, teve também mau resultado em Berlim em 2017: dois turistas foram detidos após fazerem a saudação à frente do parlamento alemão para a fotografia - acabaram a pagar 500 euros de multa cada um.

A utilização do campo como cenário Instagram e quejandos também tem sido muito criticada pelos responsáveis pelo Memorial. Foi pedido aos visitantes, assinala a Euronews, que não tirassem selfies usando as estruturas marcadas pela morte como simples molduras, caso de fotografias de si próprios a caminharem nos carris do caminho-de-ferro que termina no campo.

Auschwitz recebeu 563 mil visitantes em 2021, informou recentemente o Memorial.