Presidente do Burkina Faso foi detido por militares rebeldes
Durante o fim-de-semana houve relato de vários tiroteios em instalações militares, mas o Governo tinha negado qualquer tentativa de golpe de Estado. Militares queixam-se da negligência das autoridades no combate contra o terrorismo.
O Presidente do Burkina Faso, Roch Kaboré, foi detido e levado para um campo militar por soldados amotinados, de acordo com várias fontes no terreno, citadas pelas agências internacionais.
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O Presidente do Burkina Faso, Roch Kaboré, foi detido e levado para um campo militar por soldados amotinados, de acordo com várias fontes no terreno, citadas pelas agências internacionais.
Ao longo do fim-de-semana foram ouvidos vários tiroteios em instalações militares espalhadas pelo país. O Governo confirmou os incidentes, embora tenha negado os rumores de que Kaboré tinha sido detido. Durante a noite de domingo, houve troca de tiros perto da residência presidencial, na capital Ouagadougou, e esta segunda-feira de manhã vários carros blindados pertencentes à frota do Presidente foram vistos com marcas de balas.
Há relatos contraditórios sobre o paradeiro do Presidente, mas as fontes citadas pela Reuters, pela BBC e pela Al-Jazeera confirmam a detenção de Kaboré. Circulam rumores de que o presidente do Parlamento e vários ministros também foram detidos. Os militares amotinados ainda não emitiram qualquer declaração, tal como o Governo.
A situação em Ouagadougou esta manhã era calma, de acordo com o correspondente da BBC, mas a sede do canal estatal de televisão está cercada por militares e a transmissão está interrompida.
A contestação contra Kaboré tem subido de tom nos últimos tempos por causa do aumento da insegurança no país. Calcula-se que mais de duas mil pessoas tenham morrido no ano passado em atentados levados a cabo por organizações terroristas como o Daesh ou Al-Qaeda.
Em Novembro, um ataque contra um posto da polícia no Norte do país matou 53 pessoas, entre as quais 49 agentes.
As autoridades nacionais são acusadas de negligenciar as forças de segurança, frequentemente visadas por este tipo de atentados, e há algum tempo que se temiam motins entre os militares. As chefias das Forças Armadas foram substituídas no final do ano passado e já em Janeiro foram detidos vários soldados suspeitos de conspirarem para derrubar o Governo.
Kaboré chegou ao poder em 2015, depois do derrube do autocrata Blaise Campaoré ao fim de quase três décadas como chefe de Estado. Apesar de ter sido reeleito em 2020, a persistência dos problemas de segurança interna no Burkina Faso tornou o Presidente alvo de protestos frequentes.
O Burkina Faso está na região do Sahel, que nos últimos anos tem sido assolada pela violência de grupos armados que exercem controlo efectivo sobre parte dos territórios destes países. A resposta insuficiente das forças de segurança nacionais tem aumentado a frustração da população.