Consórcio português propõe fazer metrobus da Boavista por 25 milhões
Melhor proposta no concurso aberto pela Metro do Porto é da dupla Alberto Couto Alves, SA e Alves Ribeiro, SA, para um prazo de obra de vinte meses
O consórcio formado pelas empresas Alberto Couto Alves, SA e Alves Ribeiro, SA, apresentou a melhor proposta para a construção do canal de metrobus entre a Boavista e a Praça do Império, no Porto. A dupla de construtoras pretende fazer a obra, para a Metro do Porto, por pouco menos de 25 milhões de euros num prazo de 20 meses, e falta apenas aguardar por alguma reclamação dos restantes concorrentes para confirmar a adjudicação dos trabalhos, informou esta segunda-feira a Metro.
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O consórcio formado pelas empresas Alberto Couto Alves, SA e Alves Ribeiro, SA, apresentou a melhor proposta para a construção do canal de metrobus entre a Boavista e a Praça do Império, no Porto. A dupla de construtoras pretende fazer a obra, para a Metro do Porto, por pouco menos de 25 milhões de euros num prazo de 20 meses, e falta apenas aguardar por alguma reclamação dos restantes concorrentes para confirmar a adjudicação dos trabalhos, informou esta segunda-feira a Metro.
Segundo esta empresa pública, o consórcio Alberto Couto Alves/Alves Ribeiro ainda terá de apresentar o projecto de execução, avançando depois para a construção da linha de BRT (Bus Rapid Transit), um dos outros nomes pelos quais são conhecidos os serviços em autocarro urbano de grandes prestações realizados em canal dedicado. Neste caso, a obra contempla não apenas a adaptação de parte da avenidas da Boavista e da Marechal Gomes da Costa, mas também a construção de estações, que serão projectadas, na Marechal, por Siza Vieira, anunciara já a Metro do Porto.
Traçado sem consenso
O BRT da Boavista tem financiamento assegurado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, o que implica que terá de ser mesmo executado nos próximos três anos. É um projecto desejado pela Câmara do Porto, mas não consensual, desde logo pelo seu traçado, que nem vai a Matosinhos-Sul (como previa um antigo projecto de metro previsto para a Avenida da Boavista) nem cobre a zona do Campo Alegre. Durante muito tempo, aliás, este novo projecto vinha sendo referido como o metrobus do Campo Alegre, mas perante a evidência de que qualquer traçado à superfície implicaria o corte de trânsito automóvel naquele eixo que serve várias faculdades e bairros sociais, a hipótese acabou por ser descartada e o que acabou por ser aprovado foi mesmo outra coisa.
Na forma como acabou por ficar desenhada, os grandes pólos geradores de tráfego servidos por esta linha são, no extremo da Praça do Império, o campus da Universidade Católica, que tem faculdades na rua de Diogo Botelho, e o parque e Museu de Serralves, a meio caminho. Ainda assim, a Metro do Porto prevê que este investimento de 66 milhões de euros, valor que inclui o material circulante e um posto de abastecimento de hidrogénio aberto a toda a comunidade, possa trazer mais 31 mil clientes diários à rede do metropolitano, o equivalente a mais de 11 milhões de validações/ano.
O sistema vai ser operado com veículos articulados, de lotação entre 180 e 220 passageiros, que, face às frequências previstas, permitirá uma capacidade de transporte de cerca de 4400 pessoas hora/sentido. Estes autocarros terão canais dedicados no eixo central da Avenida da Boavista, na nova Rotunda a criar entre esta e a Marechal e, nesta outra avenida, vão ocupar espaço da faixa de rodagem, deixando intacto, promete a Metro, o separador central que, no seu conjunto, é maior do que alguns jardins da cidade e tem árvores de grande porte que importa preservar.
BRT em 181 cidades
A Metro adianta, em comunicado, que “a Linha Boavista – Império terá uma frequência de cinco minutos em hora de ponta e a ligação entre os seus dois extremos demorará apenas 15 minutos”. O traçado será de oito quilómetros (quatro em cada sentido). Segundo esta empresa, o serviço vai contar com oito novas estações de superfície: Casa da Música, Bom Sucesso, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império. “Todas elas contarão com cobertura, máquinas de venda de títulos, validadores, câmaras de videovigilância e equipamento de informação ao público – nomeadamente painéis electrónicos e informação sonora”, acrescenta.
O BRT, nas suas múltiplas denominações, é uma nova geração de serviços de transporte urbano que vem sendo instalada desde os anos 70 em dezenas de países. Na altura, o sistema mais famoso, e que influenciou muitos dos que viriam a ser construídos entretanto, foi o de Curitiba, Brasil, onde foi instalado pela mão do autarca e urbanista Jaime Lerner, que o assumia como um sucedâneo barato de sistemas de metro ligeiro. Segundo o BRT Global Data, funciona em pelo menos 181 cidades (44 delas na Europa e, destas, 21 em França), transportando, diariamente, cerca de 33,6 milhões de pessoas diariamente. Gaia está a preparar um serviço semelhante, na EN222, e entre Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo, a antiga linha de comboio será também transformada num canal para metrobus.