Pedro Magalhães. Mitos da política contemporânea: voto económico e eleitores da direita radical
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Esta semana, no podcast 45 Graus, o convidado é Pedro Magalhães, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, especialista em opinião pública e comportamento eleitoral. É co-organizador do Oxford Handbook of Portuguese Politics, que será publicado em 2022.
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Esta semana, no podcast 45 Graus, o convidado é Pedro Magalhães, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, especialista em opinião pública e comportamento eleitoral. É co-organizador do Oxford Handbook of Portuguese Politics, que será publicado em 2022.
Pedro Magalhães regressa ao podcast 45 Graus para falar de alguns mitos da política contemporânea, desde ideias que não são verdadeiras a simplificações de fenómenos mais complexos que a ciência política tem estudado.
Dois desses “mitos” são abordados neste episódio. O primeiro tem que ver com as limitações do chamado “voto económico” - isto é, a ideia de que o resultado das eleições é ditado sobretudo pelo desempenho da economia, e que os eleitores são capazes de fazer bem essa avaliação. Pedro Magalhães chama a atenção para a existência de uma série de condicionantes nessa relação. Uma delas é a capacidade dos eleitores para avaliar bem a qualidade do governo, seja na economia seja noutras áreas. No entanto, salienta o investigador, apesar dessas limitações e da complexidade crescente da política, o eleitor médio vai conseguindo, em última análise, tomar decisões racionais e informadas.
Este tema conduz ainda à discussão sobre o modo como a política em Portugal está hoje mais ideológica e polarizada. Pedro Magalhães nota que, apesar do aumento da abstenção, a participação política em Portugal é hoje maior do que no passado.
O segundo dos “mitos” abordados está relacionado com o crescimento dos partidos da direita radical na Europa nas últimas décadas. A propósito desta tendência, é comum ouvir dizer que estes partidos foram roubar eleitorado aos partidos da esquerda tradicional, designadamente o chamado eleitorado operário, ligado à indústria e com baixo nível de educação. Pedro Magalhães esclarece que isto é uma simplificação. Não só isso não explica a perda de peso dos partidos da esquerda tradicional, como não é daí que vem a maioria dos votantes nos partidos da direita radical.
A crise da esquerda tradicional em muitos países europeus é, todavia, uma realidade. Portugal é, no entanto, uma excepção a esta tendência; em parte não pelos melhores motivos, porque continuamos a ter uma economia relativamente pobre e um nível de escolarização médio baixo. Para inverter essa tendência seria preciso investir mais em políticas de longo prazo, designadamente em políticas para a juventude, na educação e na ciência. No entanto, como faltam recursos, o discurso dos partidos tende, como se tem visto na campanha, a focar-se mais no curto prazo.
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