Regantes dizem que não há dinheiro para conseguir o aumento da área de regadio anunciado
Um bloco de rega projectado para o concelho de Moura com uma área de 10.000 hectares vai ser amputado em 3000 hectares perante os protestos dos autarcas e agricultores.
No passado dia 15 de Dezembro o Ministério da Agricultura divulgou o estudo Regadio 2030 – Levantamento do Potencial de Desenvolvimento do Regadio de Iniciativa Pública no Horizonte de Uma Década, que está em discussão pública até este sábado. O documento prevê um investimento que poderia superar os 2 milhões de euros para instalar 134.000 hectares de novos regadios e a modernização de 72.000 blocos de rega instalados há mais de 40 anos. Mas, após análise ao documento, a Federação Nacional de Regantes (Fenareg) conclui que as verbas previstas para investimento no regadio até 2030 “são insuficientes” e registam uma “redução significativa” face aos anteriores quadros comunitários de apoio.
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No passado dia 15 de Dezembro o Ministério da Agricultura divulgou o estudo Regadio 2030 – Levantamento do Potencial de Desenvolvimento do Regadio de Iniciativa Pública no Horizonte de Uma Década, que está em discussão pública até este sábado. O documento prevê um investimento que poderia superar os 2 milhões de euros para instalar 134.000 hectares de novos regadios e a modernização de 72.000 blocos de rega instalados há mais de 40 anos. Mas, após análise ao documento, a Federação Nacional de Regantes (Fenareg) conclui que as verbas previstas para investimento no regadio até 2030 “são insuficientes” e registam uma “redução significativa” face aos anteriores quadros comunitários de apoio.
No documento enviado às várias forças políticas “que não são contra o mundo rural”, a Fenareg calcula que “estão disponíveis 337 milhões de euros” para investir no regadio público, valor que corresponde a “apenas 32% das necessidades de investimento (1057 milhões de euros) identificadas no estudo Regadio 2030” e com condições asseguradas para serem concretizadas até 2030.
No entanto, se forem consideradas a totalidade das necessidades de investimento em regadio público (2257 milhões de euros), identificadas no estudo apresentado pelo Governo, “as origens de financiamento permitem apenas cobrir 15% das necessidades”, observa a federação, que diz representar mais de 95% do regadio organizado nacional.
O documento da Fenareg reivindica ainda o aumento da capacidade de armazenamento de água, lembrando que as albufeiras existentes no nosso país “apenas permitem armazenar 20% do total das afluências anuais”. Por isso, a federação pede igualmente recursos financeiros para apoiar a “construção e beneficiação de barragens/charcas, realização de furos de captação de água e instalação ou reconversão de sistemas de rega”.
Os efeitos da “redução significativa de verbas” denunciada pela Fenareg já se fazem sentir em Moura. O presidente do município, Álvaro Azedo (PS), insurgiu-se nesta quarta-feira, através de comunicado, em que critica a informação do presidente do conselho de administração da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA), Pedro Salema, de que “afinal o bloco de rega Moura-Amareleja-Póvoa de São Miguel será amputado em cerca de 3000 hectares, dos 10.000 inicialmente previstos e anunciados”. Álvaro Azedo “manifesta total solidariedade para com os agricultores do concelho de Moura”, assumindo que dará o seu apoio a “todas as acções que reputem convenientes no sentido de dar força às suas legítimas aspirações”.
Em Setembro de 2018, no decurso da tradicional Feira de Moura, Capoulas Santos, então ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, acompanhado pelo presidente da EDIA e pelo presidente da Câmara de Moura, fez a apresentação do bloco de rega. Foi exposto um cronograma aos agricultores presentes e “afiançou-se que as obras começariam em 2019 para começar em 2021”. “Agora a área a regar vai sofrer uma redução e não se sabe quando haverá água na rede de rega”, lamenta Álvaro Azedo.