Menos de 80 mil bebés com “testes do pezinho” em 2021. Natalidade atinge mínimo histórico

No ano passado, foram rastreados 79.217 recém-nascidos através do “teste do pezinho”, menos 6239 do que em 2020. Este é o valor mais reduzido desde que há registos.

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daniel rocha

Pela primeira vez em Portugal, em 2021 foram rastreados menos de 80 mil recém-nascidos através do “teste do pezinho”, um indicador muito aproximado da natalidade, uma vez que cobre a quase totalidade dos nascimentos no país, revelou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (Insa). Ainda é preciso esperar pelo balanço anual dos nados-vivos que é realizado pelo Instituto Nacional de Estatística, mas os dados deste rastreio não deixam margem para dúvidas: foi batido o recorde histórico na quebra da natalidade, um fenómeno que já era evidente nos últimos meses do ano passado. Até à data, o mínimo histórico tinha sido registado na sequência da crise económica e social, em 2014, quando nasceram em Portugal 82.367 crianças.

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Pela primeira vez em Portugal, em 2021 foram rastreados menos de 80 mil recém-nascidos através do “teste do pezinho”, um indicador muito aproximado da natalidade, uma vez que cobre a quase totalidade dos nascimentos no país, revelou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (Insa). Ainda é preciso esperar pelo balanço anual dos nados-vivos que é realizado pelo Instituto Nacional de Estatística, mas os dados deste rastreio não deixam margem para dúvidas: foi batido o recorde histórico na quebra da natalidade, um fenómeno que já era evidente nos últimos meses do ano passado. Até à data, o mínimo histórico tinha sido registado na sequência da crise económica e social, em 2014, quando nasceram em Portugal 82.367 crianças.

O Programa Nacional de Rastreio Neonatal (o chamado “teste do pezinho” que é efectuado até ao sexto dia de vida para despistar doenças) estudou no ano passado 79.217 crianças, menos 6239 do que em 2020, o valor mais reduzido de sempre. No distrito de Lisboa, foram rastreados 23.494 bebés (menos 1520 do que no ano anterior) e, no Porto, 14736 (menos 998 do que em 2020).

Não é uma surpresa: nos últimos meses de 2021, a tendência de redução significativa de natalidade era clara e já era atribuída em grande parte, por especialistas em demografia, à incerteza em relação ao futuro motivada pela pandemia de covid-19, que terá levado ao adiamento da decisão de ter filhos.

Os efeitos da pandemia de covid-19 na “diminuição abrupta no número de nados-vivos” são “particularmente evidentes” em 2021, sublinhava em Dezembro ao PÚBLICO a demógrafa e professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Maria João Valente Ros​a. “Muitas pessoas que planeavam ter filhos resolveram adiar este projecto, por várias circunstâncias. Aos problemas económicos e financeiros [que vinham de trás] juntou-se agora uma crise sanitária, a insegurança, o medo”, disse.

O ano de 2021 foi o primeiro em que se verificou o impacto da pandemia na natalidade, defendeu também o geógrafo e investigador na área da demografia e das migrações, Jorge Malheiros. “O clima de incerteza a todos os níveis — sanitário, social, relacional, económico — actua contra a natalidade. A covid-19 veio agravar esta componente de incerteza que torna a decisão de ter filhos ainda mais difícil”, justificou.

Em declarações à Lusa nesta quarta-feira, Maria João Valente Rosa repetiu que estes dados devem ser compreendidos “à luz da pandemia”, porque, apesar de os nascimentos já estarem em queda desde há vários anos no país, Portugal nunca tinha tido “valores tão baixos”. O problema é que, como a média de idade a que uma mulher tem filhos já é muito elevada (superior a 30 anos) em Portugal, os nascimentos adiados poderão não ser recuperados, sublinhou a especialista.