Comissão que investiga ataque ao Capitólio intima Giuliani e três outros aliados de Trump

Antigo advogado do ex-Presidente é acusado de promover alegações de fraude eleitoral e de ter tentado convencer eleitos a ajudar a anular os resultados das presidenciais de 2020.

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A advogada Sidney Powell numa conferência de imprensa com Rudy Giuliani no Comité Nacional Republicano Reuters/JONATHAN ERNST

A Comissão da Câmara dos Representantes que investiga o ataque de apoiantes de Donald Trump ao Capitólio acaba de intimar Rudy Giuliani e outros membros da equipa jurídica que estiveram envolvidos nas acções judiciais para pôr em causa a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais, recorrendo a teorias da conspiração para alegar que tinha havido fraude.

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A Comissão da Câmara dos Representantes que investiga o ataque de apoiantes de Donald Trump ao Capitólio acaba de intimar Rudy Giuliani e outros membros da equipa jurídica que estiveram envolvidos nas acções judiciais para pôr em causa a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais, recorrendo a teorias da conspiração para alegar que tinha havido fraude.

Para além do ex-mayor de Nova Iorque, a comissão quer ouvir Jenna Ellis, autora de um memorando onde explicava como Trump podia invalidar os resultados explorando uma lei obscura; Sidney Powell, advogada que trabalhou em muitos dos casos com Giuliani e geria uma organização que angariou milhões de dólares com base em alegações falsas sobre máquinas de voto alteradas; e Boris Epshteyn, que defendeu em tribunal alegações de fraude no Nevada e no Arizona e terá participado num telefonema com Trump, na manhã de 6 de Janeiro, “em que se discutiram opções para atrasar a certificação dos resultados eleitorais”.

“Os quatro indivíduos que notificámos promoveram teorias não confirmadas sobre fraude eleitoral, fizeram esforços para alterar os resultados das eleições ou estiveram em contacto directo com o antigo Presidente em discussões sobre tentativas para travar a contagem dos votos eleitorais”, afirma em comunicado o congressista Bennie Thompson, o democrata do Mississíppi que preside à comissão.

De acordo com o diário The New York Times, que teve acesso à carta, a intimação enviada a Giuliani pede todos documentos em que o advogado detalhava a campanha de pressão que ele e outros realizaram junto a responsáveis dos estados; as máquinas de voto apreendidas; os contactos com membros do Congresso; quaisquer provas para apoiar as teorias da conspiração defendidas e quaisquer informações sobre os seus honorários.

O painel quer que as quatro testemunhas entreguem os documentos requeridos e se disponibilizem para entrevistas em Fevereiro.

Estas citações surgem numa altura em que a comissão, que já entrevistou quase 400 pessoas, pediu acesso a uma série de registos, incluindo de bancos e empresas de telecomunicações. De acordo com a CNN, os congressistas obtiveram, entretanto, registos de chamadas e mensagens de telefone do filho do ex-Presidente Eric Trump e da namorada de Donald Trump Jr., Kimberly Guilfoyle.

Quatro semanas depois da eleição, Giuliani e a sua equipa (descrita por Jenna Ellis como “força de ataque de elite”) promoveram alegações infundadas de fraude eleitoral em vários processos judiciais (todos fracassados), conferências de imprensa e encontros com advogados. Numa carta enviada a Giuliani, a comissão diz que a sua investigação já revelou “provas credíveis” de que ele participou em tentativas para “perturbar ou adiar a certificação de resultados eleitorais”, convenceu congressistas estatais a “tomar medidas para anular os resultados” e instruiu Trump a ordenar a apreensão de máquinas de voto.

A comissão avança agora a toda a velocidade para conseguir publicar as suas conclusões antes das eleições intercalares de Novembro: se os democratas perderem o controlo da Câmara dos Representantes, os republicanos podem dissolvê-la, pondo fim à investigação.