Ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha diz que “cada acção da Rússia” na Ucrânia terá um preço
Annalena Baerbock visitou Kiev antes de ida a Moscovo nesta terça-feira, onde vai tentar um regresso a conversações entre a Rússia, Ucrânia, Alemanha e França.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, visitou esta segunda-feira Kiev para assegurar a Ucrânia de que não haverá compromissos com a Rússia em relação a “princípios básicos como a inviolabilidade do território, a escolha livre de alianças e a renúncia à ameaça de violência”.
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A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, visitou esta segunda-feira Kiev para assegurar a Ucrânia de que não haverá compromissos com a Rússia em relação a “princípios básicos como a inviolabilidade do território, a escolha livre de alianças e a renúncia à ameaça de violência”.
Numa conferência de imprensa com o seu homólogo ucraniano, Dmitro Kuleba, Baerbock disse esperar que a tensão com a Rússia pudesse ser resolvida pela via diplomática. Mas caso contrário, se a Rússia decidir atacar a Ucrânia, “cada acção ofensiva terá um preço alto para a Rússia, um preço económico, estratégico, e político”, declarou.
Baerbock, dos Verdes, defende uma linha mais dura com Moscovo assente no respeito dos direitos humanos, assim como o Partido Liberal Democrata, que também faz parte da coligação no Governo alemão. Mas os sociais-democratas do chanceler, Olaf Scholz, têm uma relação diferente com a Rússia – defendendo a continuação de uma política que busca mudança através da cooperação, incluindo económica.
Scholz tem-se recusado a ligar o gasoduto Nord Stream 2, que duplica a quantidade de gás da Rússia para a Alemanha (contornando a Ucrânia e a Polónia) a questões políticas ou diplomáticas, mas os EUA já disseram abertamente que acham muito difícil que em caso de agressão Rússia à Ucrânia o gasoduto possa abrir.
O chanceler diz – tal como Angela Merkel fez antes – que o gasoduto é puramente comercial. É uma posição que praticamente ninguém partilha, nem na Europa nem nos Estados Unidos.
Os EUA avisaram na semana passada que a Rússia parecia estar a preparar um pretexto para atacar a Ucrânia, e um ataque informático a sites do Governo de Kiev, de que não se sabe ainda a autoria, contribuíram para uma sensação de perigo.
Também na semana passada, terminaram sem avanços uma série de reuniões entre responsáveis da diplomacia russa, por um lado, e dos EUA e da NATO, por outro.
A Ucrânia teme que estes encontros acabem por implicar concessões com que não concorda. “É importante para nós que nem Berlim nem Paris tomem decisões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia, e que não façam acordos nas nossas costas – isso é, neste momento, essencial”, disse Kuleba nas declarações conjuntas, citado pela Reuters.
Regresso a negociações a quatro (ou cinco)
A Rússia quer a reversão de uma série de acções da NATO, como o alargamento a Leste, e a garantia de que a Ucrânia e a Geórgia não vão ser admitidas na aliança.
Mas “nenhum país tem o direito de dizer a outros que direcção é que podem levar, que relações podem ter e em que alianças podem participar”, disse Baerbock. “A soberania da Ucrânia não pode ser, e nunca vai ser, objecto de negociações”, garantiu.
No entanto, a ministra rejeitou os apelos para que a Alemanha forneça armas à Ucrânia, invocando a “responsabilidade histórica” do país em não dar armamento a partes envolvidas em conflito armado. Contrapôs que Berlim poderia contribuir com conhecimento técnico para ajudar a Ucrânia a defender-se de ataques informáticos.
Em Moscovo, a ministra disse que vai tentar explorar a possibilidade de regresso ao formato de conversações com a Rússia, Ucrânia, Alemanha e França (formato “Normandia”). Houve entretanto rumores de que os Estados Unidos poderiam também participar.
Mas “o modo mais eficaz que temos de apoiar a Ucrânia é o compromisso unânime da União Europeia, do G7 e da NATO de que qualquer agressão terá um preço alto para o regime russo”, declarou Baerbock.