Rússia diz que a NATO é uma “ferramenta de confronto”
Porta-voz do Kremlin afirma que Moscovo “não pode tolerar” a entrada da Ucrânia na NATO e avisa que a tensão entre os dois lados está a aproximar-se de uma “linha vermelha”.
O porta-voz do governo russo, Dimitri Peskov, afirmou este domingo que a NATO está longe de ser um instrumento de estabilidade e que o seu papel consiste em alimentar o confronto com Moscovo, como mostra o seu comportamento na situação na fronteira ucraniana.
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O porta-voz do governo russo, Dimitri Peskov, afirmou este domingo que a NATO está longe de ser um instrumento de estabilidade e que o seu papel consiste em alimentar o confronto com Moscovo, como mostra o seu comportamento na situação na fronteira ucraniana.
“A NATO não é a pomba da paz, da estabilidade e da prosperidade, mas sim uma ferramenta de confronto”, disse Peskov em entrevista à CNN, na qual alertou que a tensão entre o Kremlin e a Aliança Atlântica está a aproximar-se do quer diz ser uma “linha vermelha”, devido ao apoio militar que a NATO está a fornecer à Ucrânia.
Como Moscovo já afirmou em outras ocasiões, Peskov considerou que é necessário manter as tropas russas perto da fronteira ucraniana. De acordo com o porta-voz do Kremlin, a Rússia “não pode tolerar” que a NATO esteja a “abrir caminho, gradualmente” para a Ucrânia.
Após uma série de conversações na última semana, o presidente russo, Vladimir Putin, mantém os Estados Unidos e seus aliados europeus na dúvida sobre as suas reais intenções ao reunir cerca de 100 mil soldados perto da fronteira ucraniana. A Rússia não quer que a Ucrânia e outros estados ex-soviéticos se juntem às fileiras da NATO e exige que a aliança faça recuar as suas forças para as posições que ocupavam em 1997.
Na entrevista à CNN, Peskov lamentou também a falta de resultados nas negociações com os Estados Unidos. “Existem alguns acordos entre nós, mas, em geral e em princípio, podemos agora dizer que estamos em caminhos diferentes, caminhos totalmente diferentes. Isso não é bom, é perturbador”, declarou.
Na sexta-feira, os EUA manifestaram a sua preocupação de que, após o impasse que resultou das negociações dos dias anteriores, a Rússia estivesse na iminência de preparar uma invasão da Ucrânia. Segundo a Casa Branca, os planos russos envolveriam a “fabricação de um pretexto para uma invasão”, que poderia passar pela acusação de que as forças ucranianas estariam a organizar um ataque contra os separatistas pró-russos que ocupam parte do Leste do país.
Do outro lado do conflito, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitri Kuleba, assegurou que qualquer decisão sobre a entrada da Ucrânia na NATO cabe exclusivamente ao próprio país e aos estados-membros da Aliança Atlântica.
"Creio que a decisão depende exclusivamente da Ucrânia e dos 30 países membros da NATO”, disse o chefe da diplomacia de Kiev em entrevista à revista alemã Bild.
“A Ucrânia tomou a sua decisão há muito tempo e aspira a aderir à NATO, conforme está estipulado na nossa Constituição e na nossa estratégia de política externa nacional”, disse ainda Kuleba.