Benjamin Netanyahu negoceia acordo em processo de corrupção
O ex-primeiro-ministro israelita declarar-se-á culpado em duas acusações de abuso de confiança. Termos do acordo podem afastá-lo da vida política durante sete anos.
O antigo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, está a negociar um acordo judicial que, caso se confirme, colocará um ponto final no seu julgamento por corrupção mas poderá afastá-lo da política por um longo período.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O antigo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, está a negociar um acordo judicial que, caso se confirme, colocará um ponto final no seu julgamento por corrupção mas poderá afastá-lo da política por um longo período.
Segundo os termos do acordo que está a ser negociado com o procurador-geral, Avichai Mandelblit, Netanyahu declarar-se-á culpado em duas acusações de abuso de confiança, que resultarão numa pena suspensa comutada em serviço comunitário, com a acusação a deixar cair os crimes de fraude e suborno pelos quais foi indiciado em 2019.
As negociações com a justiça terão, no entanto, atingido um obstáculo, segundo avança a Reuters. Uma das exigências do ex-primeiro-ministro para finalizar o acordo é de que seja poupado à condenação por “torpeza moral” que, segundo a lei israelita, obrigaria Netanyahu a ficar fora da política por um período de sete anos.
A inclusão da cláusula de “torpeza moral” contrariaria a promessa de Netanyahu, que perdeu o poder em Junho de 2021 após 12 anos consecutivos como primeiro-ministro, de regressar ao governo e abriria uma luta pela liderança no Likud, agora na oposição.
Benjamin Netanyahu está a ser julgado pelos crimes de suborno, fraude e abuso de confiança em três casos separados. O antigo primeiro-ministro negou sempre as acusações e falou de uma “caça às bruxas” e de “golpe de Estado judicial”.
Na acusação mais grave responde por suborno, fraude e abuso de confiança por implementar normas que beneficiaram Shaul Elovitch, accionista maioritário do grupo Bezeq, em troca de uma cobertura favorável no portal Walla.
No segundo caso, Netanyahu é acusado de fraude e abuso de confiança por receber presentes ilícitos no valor de 700 mil shekels (cerca de 183 mil euros) em troca de favores políticos.
A última acusação deve-se a suspeitas de fraude e abuso de confiança por acordar com o jornal Yedioth Ahronoth prejudicar o diário concorrente Israel Hayom, favorável a Netanyahu, em troca de uma cobertura mais favorável do então primeiro-ministro no primeiro órgão de comunicação social.
A possibilidade de acordo foi promovida por Aharon Barak, antigo presidente do Supremo Tribunal de Israel e um aliado de longa data de Netanyahu. Em declarações à rádio Kan, Barak afirmou que o acordo serviria para reduzir a pressão sobre o poder judicial, acusado pelos apoiantes de Netanyahu de estar a negar um processo justo ao antigo primeiro-ministro.
Barak terá mesmo actuado como intermediário nas negociações entre a defesa de Netanyahu e o procurador-geral. “Estas acusações e este julgamento únicos estão a semear a divisão no país. Para curar esta ferida, um acordo judicial é a opção preferível. Esta posição é positiva e vital para o estado de Israel”, afirmou Barak em declarações ao site Ynet.
A hipótese de Benjamin Netanyahu sair relativamente incólume dos processos pelos quais responde não é, no entanto, consensual entre os israelitas. No sábado à noite, centenas de pessoas juntaram-se junto à casa do procurador-geral, Avichai Mandelblit, na cidade de Petah Tikva, para protestar contra a perspectiva de um acordo judicial com o ex-primeiro-ministro. Os manifestantes exigiram que o julgamento chegue ao fim e que sejam os juízes a decidir se Netanyahu cometeu crimes puníveis pela lei.