Nova festa em Downing Street durante o luto da Rainha é mais um revés para Johnson
Gabinete do primeiro-ministro britânico já apresentou um pedido de desculpas oficial ao Palácio de Buckingham. “É profundamente lamentável que isto tenha acontecido num momento de luto nacional”, disse o porta-voz de Boris Johnson.
Mais um dia, mais uma revelação de festas em Downing Street quando as regras do confinamento proibiam convívio em espaços interiores: esta sexta-feira, o diário The Telegraph revela que o staff de Boris Johnson fez mais duas festas na sede do Governo, uma delas na véspera do funeral do príncipe Filipe, o marido da rainha, Isabel II, em que ela esteve sozinha, cumprindo as regras da covid.
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Mais um dia, mais uma revelação de festas em Downing Street quando as regras do confinamento proibiam convívio em espaços interiores: esta sexta-feira, o diário The Telegraph revela que o staff de Boris Johnson fez mais duas festas na sede do Governo, uma delas na véspera do funeral do príncipe Filipe, o marido da rainha, Isabel II, em que ela esteve sozinha, cumprindo as regras da covid.
O gabinete do primeiro-ministro já endereçou, entretanto, um pedido oficial de desculpa à rainha através do porta-voz de Boris Johnson.
“É profundamente lamentável que isto tenha acontecido num momento de luto nacional, e Downing Street pediu desculpas ao Palácio”, afirmou o porta-voz, recusando no entanto dizer se Johnson vai apresentar pessoalmente um pedido de desculpas a Isabel II na sua próxima audiência privada com a soberana.
Johnson enfrenta a maior crise desde que chegou à chefia do Governo britânico por causa de notícias de uma série de encontros sociais na sua residência durante períodos de confinamento estrito em Inglaterra, alguns deles enquanto não era sequer permitido que familiares visitassem doentes terminais.
Depois de uma carreira marcada pelo ignorar de normas sobre o que aceitável, Johnson está sob pressão crescente de alguns deputados do seu próprio partido para se demitir por causa da quebra das regas do confinamento em Downing Street.
Nas últimas duas festas relatadas pelo jornal The Telegraph, Johnson estava na residência de Chequers, mas a festa foi descrita como tão animada que o staff de Johnson foi a um supermercado perto com uma mala para a trazer de volta cheia de garrafas, houve música, e um baloiço de criança, do filho do primeiro-ministro, foi destruído.
No dia seguinte, a Rainha Isabel II despedia-se do seu marido, o príncipe Filipe, que morreu aos 99 anos – totalmente sozinha na capela, como determinavam as regras da prevenção da covid, numa imagem que provocou comoção, dentro e fora do Reino Unido.
"Sair de cena"
A oposição tem pedido a demissão de Johnson, de 57 anos, por ter exigido regras estritas às pessoas comuns enquanto o seu staff fazia festas sem limites – e pelo menos uma ter contado com a presença do próprio chefe de Governo, que Johnson disse ter sido “um encontro de trabalho”, em que as “regras foram cumpridas”, não convencendo praticamente ninguém.
O número de deputados do seu Partido Conservador a defender o afastamento de Johnson é pequeno, mas tem vindo a aumentar. Estes deputados temem consequências eleitorais do caso, incluindo nas eleições locais de Maio.
“Infelizmente, a posição do primeiro-ministro tornou-se insustentável”, disse o deputado Andrew Bridgen, antigo apoiante de Boris Johnson. “Chegou a altura de sair de cena.”
Para iniciar um desafio à liderança, é preciso que 54 dos 360 deputados conservadores escrevam cartas de não-confiança ao chefe do “Comité 1922”, o grupo dos deputados do partido que não detêm cargos no Governo. Bridgen assumiu ter enviado uma carta, e segundo o Telegraph, pelo menos mais 30 deputados enviaram também cartas.
As festas não são o único problema do Governo quando além da pandemia, a inflação está a subir, os preços da energia a aumentar, e ainda haverá uma subida de impostos em Abril, além de eleições locais em Maio.