Madeira prepara-se para levantar obrigatoriedade de testes semanais depois de ter gastado 16 milhões de euros

Com o número de novos casos diários a aumentar, Governo madeirense prefere olhar para o impacto reduzido que a nova variante está a ter nos internamentos. Alivio dos testes semanais será decidida até ao final do mês.

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No final de Novembro as filas para a testagem no Funchal eram grandes Gregorio Cunha

Dezasseis milhões de euros e mais de um milhão de testes rápidos antigénio depois, o Governo Regional da Madeira prepara-se para terminar com o sistema de testagem maciça à população, iniciada a 19 de Novembro do ano passado.

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Dezasseis milhões de euros e mais de um milhão de testes rápidos antigénio depois, o Governo Regional da Madeira prepara-se para terminar com o sistema de testagem maciça à população, iniciada a 19 de Novembro do ano passado.

A decisão de “aliviar” os testes semanais comparticipados, é justificada pelo reduzido impacto que os casos de Covid-19 estão a ter nos serviços hospitalares do arquipélago. Isto, apesar do número diário de novas infecções por SARS-CoV-2 ter disparado na região autónoma.

Nos últimos três dias, por exemplo, os novos casos diários têm sido consistentemente superiores às 1500 infecções, quando a média de Dezembro rondava as duas centenas. Mas esse aumento não tem tido reflexos nas hospitalizações. Há exactamente um ano, por exemplo, quando o número de casos diários não ultrapassava as 100 infecções, estavam sete pessoas nos cuidados intensivos. O relatório epidemiológico mais recente dá agora conta de mais 1839 casos, e cinco pessoas internadas nos cuidados intensivos.

O executivo madeirense prefere olhar para esses internamentos. “O fundamental é olharmos para os números de internamentos nos cuidados intensivos, e esses continuam residuais”, defendeu esta quinta-feira o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque.

Na véspera, Albuquerque tinha já perspectivado que a comparticipação de um teste por semana para residentes e turistas ia ser revista até ao final do mês. “Neste momento, não vamos tomar medidas. Do ponto de vista psicológico, para as pessoas é preferível aguardar que comecem a baixar os números para depois tomar medidas”, argumentou, dizendo que a testagem vai continuar, mas apenas para os profissionais de saúde, segurança e protecção civil, ensino e para aqueles que tiverem sintomas. A doença, considerou, é muito ligeira, e esta medida será positiva em termos sociais.

Neste momento, na Madeira, o acesso a um leque alargado de locais públicos, como restaurantes, ginásios, cabeleireiros, centros comerciais ou serviços da administração regional e local, é condicionado a quem tiver teste antigénio negativo realizado há menos de sete dias e estiver vacinado contra a Covid-19.

A medida foi implementada a 19 de Novembro do ano passado, com o executivo a assumir a comparticipação dos testes mensais de residentes e turistas. Nas contas feitas pela Secretaria Regional da Saúde e Protecção Civil ao PÚBLICO, foram realizados 1.080.240 testes antigénio, que custaram cerca de 16,2 milhões de euros. Cada teste custa aos cofres regionais 15 euros.

Numa altura em que existem mais de 10 mil casos activos (cerca de 4% da população residente) e que desde o início da pandemia já foram registados 37.679 casos (15% da população), o governo madeirense está convencido que o pico de novas infecções está prestes a ser atingido, e que os números de casos diários vão estabilizar. Assim, argumenta Albuquerque, não vale a pena continuar a testar. “Dado o impacto reduzido desta variante na saúde pública, não faz muito sentido nós continuarmos a fazer esta testagem”, concluiu o chefe do executivo madeirense.