António Lamas escolhido para liderar empresa municipal de obras de Lisboa
Nome do antigo presidente do Centro Cultural de Belém e dos Parques de Sintra foi aprovado esta quinta-feira. Passará a liderar a empresa responsável por quase todas as obras públicas da câmara.
António Lamas é o novo presidente da empresa municipal SRU, que é a responsável por concretizar quase todas as obras públicas da autarquia de Lisboa. A eleição de Lamas e dos novos vogais da empresa decorreu esta quinta-feira numa reunião camarária especificamente marcada para o efeito, por escrutínio secreto.
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António Lamas é o novo presidente da empresa municipal SRU, que é a responsável por concretizar quase todas as obras públicas da autarquia de Lisboa. A eleição de Lamas e dos novos vogais da empresa decorreu esta quinta-feira numa reunião camarária especificamente marcada para o efeito, por escrutínio secreto.
A SRU está sem presidente e reduzida a um único administrador desde o fim de Novembro, quando Inês Ucha e António Furtado abandonaram os cargos. O Plano de Actividades e Orçamento para 2022, apresentado à autarquia na semana passada, não foi aprovado internamente. Como a aprovação do orçamento da Câmara de Lisboa depende da aprovação dos orçamentos das empresas municipais, o novo conselho de administração da SRU terá de se pronunciar rapidamente sobre o documento, uma vez que as votações estão previstas para a próxima semana.
Como o PÚBLICO noticiou, o orçamento da empresa contempla muitos projectos iniciados no anterior mandato, mas deixa decisões importantes nas mãos do novo executivo, nomeadamente sobre habitação, escolas, creches e a Zona de Emissões Reduzidas Baixa-Chiado.
António Lamas é um engenheiro civil com um vasto passado de cargos públicos e ligados ao património. Presidiu ao Instituto Português do Património Cultural no final dos anos 1980, integrou o comissariado da Expo-98, foi presidente da Junta Autónoma das Estradas e da Estradas de Portugal e também passou pela Brisa.
Em 2006 assumiu a presidência da Parques de Sintra – Monte da Lua, a sociedade que gere os principais parques e monumentos do concelho, aí se mantendo até 2014. Foi nesse ano que o Governo de Passos Coelho o chamou para presidir ao Centro Cultural de Belém (CCB) e a uma estrutura de missão encarregada de preparar um plano estratégico para o eixo Belém-Ajuda.
Assente no mesmo modelo aplicado em Sintra, o plano previa a gestão conjunta dos museus e monumentos daquela área da cidade, incluindo o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém, o Palácio da Ajuda, o Museu dos Coches e os jardins botânicos, entre vários outros equipamentos culturais.
Mas a intenção nunca passou disso mesmo. Tornado público em Setembro de 2015, a poucas semanas das legislativas, o plano foi abandonado pelo primeiro ministro da Cultura de António Costa, João Soares, que disse discordar dele “aberta e absolutamente”. Antes disso, também o ex-presidente da câmara Fernando Medina tinha criticado o documento, que fora preparado sem “qualquer participação” da autarquia.
António Lamas acabaria por ser exonerado do CCB em Março de 2016 depois de um braço-de-ferro com João Soares que se prolongou por várias semanas nas páginas dos jornais. Pouco depois, a decisão daria origem a um dos episódios marcantes dos primeiros tempos da governação Costa: o caso das bofetadas. Censurado pela forma como geria a pasta cultural, Soares prometeu “salutares bofetadas” a Augusto M. Seabra e a Vasco Pulido Valente, que tinham assinado no PÚBLICO artigos críticos. O caso terminou com o ministro a pedir desculpas e a demissão, ao que se sabe sem violência física.
Lamas sucede a Inês Ucha e a Manuel Salgado na empresa que em 2018 ganhou preponderância no universo municipal, mais do que duplicando de orçamento de ano para ano. Para 2022, a SRU apresentou um orçamento de 108 milhões de euros.
Para além de Lamas, esta quinta-feira também foram votados os nomes dos vogais para o conselho de administração. Um deles será a vereadora da Habitação e Obras Municipais, Filipa Roseta, que tem a tutela sobre a empresa. O outro é Gonçalo Santos Costa, que trabalhou no grupo Teixeira Duarte e na Sociedade Gestora da Alta de Lisboa (SGAL).