Aí vem de novo a Rosalía conceptual
Depois de uma enxurrada de singles avulsos, a catalã junta-se a Beyoncé, Kendrick Lamar ou Rihanna no topo dos grandes regressos agendados para 2022. Com a diferença de que, no seu caso, os álbuns são o espaço para a sua criação mais experimental.
Há meia dúzia de anos seria bastante improvável pensar que uma figura vinda do flamenco pudesse figurar, com uma obviedade incontestável, na lista dos álbuns mais aguardados do ano. E mesmo agora, olhando para o que El Mal Querer trouxe em 2018, não deixa de criar algum espanto que esta pop robusta e garrida despejada sobre a música de raiz andaluza tenha feito de Rosalía uma estrela planetária. Não só porque tomava a forma de álbum conceptual esculpido a partir de uma novela anónima do século XIV (em torno de uma mulher esmagada pela dominação masculina), mas também porque o perfil indie de El Guincho (o colaborador da cantora nesse disco) poderia parecer um atalho viável para alcançar o público da Pitchfork mas não para fazer capas da Rolling Stone ou acumular streamings e visualizações aos milhões.