Foram precisos testes, máscaras e certificados mas as cavacas voltaram a voar em Aveiro
Festa de São Gonçalinho arrancou esta segunda-feira, retomando a tradição interrompida por causa da covid-19. No próximo fim-de-semana há mais.
Gabriela Oliveira teve de voltar para trás com o saco de cavacas que trazia nos braços. “Achava que o certificado bastava para subir à capela, mas também é preciso apresentar o teste de covid”, contou, conformada e determinada a regressar no fim-de-semana já com o resultado do exame na mão. Há 26 anos que esta aveirense cumpre a tradição em honra de São Gonçalinho, interrompida em 2021 por conta da pandemia. Este ano, a festa voltou a estar em risco – as datas tiveram que ser alteradas, por conta da semana de contenção -, mas a organização não abdicou de colocar o bairro típico da Beira-Mar a celebrar o seu padroeiro. Com controlo de entradas, obrigatoriedade de apresentação de certificados de vacinação ou testes (para atirar as cavacas são exigidos os dois), mas sem perder o espírito rapioqueiro. A festa arrancou esta segunda-feira, dia dedicado a São Gonçalo, e regressa no próximo fim-de-semana.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Gabriela Oliveira teve de voltar para trás com o saco de cavacas que trazia nos braços. “Achava que o certificado bastava para subir à capela, mas também é preciso apresentar o teste de covid”, contou, conformada e determinada a regressar no fim-de-semana já com o resultado do exame na mão. Há 26 anos que esta aveirense cumpre a tradição em honra de São Gonçalinho, interrompida em 2021 por conta da pandemia. Este ano, a festa voltou a estar em risco – as datas tiveram que ser alteradas, por conta da semana de contenção -, mas a organização não abdicou de colocar o bairro típico da Beira-Mar a celebrar o seu padroeiro. Com controlo de entradas, obrigatoriedade de apresentação de certificados de vacinação ou testes (para atirar as cavacas são exigidos os dois), mas sem perder o espírito rapioqueiro. A festa arrancou esta segunda-feira, dia dedicado a São Gonçalo, e regressa no próximo fim-de-semana.
E ainda que seja de prever uma maior afluência de pessoas durante as tardes e noites de sexta, sábado e domingo, “o teste desta segunda-feira correu bem”, avaliou Pedro Nunes, juiz da Mordomia de São Gonçalinho. “As pessoas demonstraram tolerância, esperaram para entrar no largo da capela e cumpriram os circuitos de circulação”, acrescentou aquele responsável, assegurando que foi montada “uma grande logística” para garantir que todas as regras do plano de contingência para a covid-19, aprovado pela Direcção-Geral da Saúde, são cumpridas.
Perante o actual número de infecções e o evoluir da pandemia em Portugal, houve quem se manifestasse, nas redes sociais, contra a realização da festa. A Mordomia compreende que algumas pessoas possam sentir receios, mas faz questão de garantir que “tudo tem sido feito numa estreita colaboração com a delegada de saúde Aveiro, que tem sido incansável”. “Temos máscaras, desinfectantes, e depois postos de testagem gratuitos”, frisou Pedro Nunes, considerando que “também é importante deixar um sinal positivo às pessoas”.
Gabriela Oliveira não podia estar mais de acordo. “É importante a nível social e psicológico. Precisamos de manter os rituais”, argumentou. Também Fábio Pitarma Matos, que ao contrário de Gabriela tinha em sua posse o teste à covid e conseguiu subir ao alto da capela, considerava que a festa era importante para dar “ânimo” às pessoas. Nascido e criado no bairro da Beira-Mar, Fábio preparava-se para atirar 15 quilos de cavacas em honra do santo. “Este ano, vou pedir, sobretudo, saúde”, disse.
Mário Miguel Couto e a mulher carregavam menos peso – levavam sete quilos de cavacas -, mas as saudades de voltar a cumprir a tradição também eram muitas. “No ano passado, sentimos falta”, reconheceu Miguel, minutos antes de entrar na capela. Cá em baixo, no largo, não faltavam guarda-chuvas virados ao contrário e nassas preparadas para apanhar os doces que estavam prestes a ser lançados pelos devotos, em cumprimento das promessas. Sem a confusão de costume e com uma cadência muito mais lenta, como convém em tempos de pandemia.
No final da semana há mais. Além do lançamento das cavacas (na sexta das 14h00 às 24h00; sábado, das 10h00 às 17h00 e das 18h30 às 24h00; e, no domingo, das 13h00 às 18h00 e das 19h00 às 24h00), o programa contempla vários concertos e espectáculos de fogo-de-artifício. Na sexta, o destaque vai para o concerto de Carolina Deslandes no Teatro Aveirense (21h00) e a actuação do Coral Vera-Cruz na capela (24h00). No sábado, há arruada, animação de rua e eucaristia, estando a noite reservada para o concerto dos Senza na Praça do Peixe (22h00), espectáculo piro musical (24h00) e Dj Set Discoteque (00h30).
No último dia das festividades, domingo, o programa contempla a tradicional procissão (11h00), seguida de eucaristia (12h00), actuação de grupos cénicos (14h30) e animação de rua (16h30). À noite, há concerto da Banda Polk (21h30) e fogo-de-artifício (23h00).