Espólio documental da artista Helena Almeida doado à Fundação Gulbenkian

Biblioteca de Arte da Gulbenkian enriquece o seu acervo arquivístico, juntando este epólio ao de artistas como Alberto Carneiro, Fernando Calhau, David de Almeida e Jorge Vieira. Ficará disponível para consulta por investigadores, críticos e curadores.

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Na montagem da exposição do Museu de Serralves, no Porto, em 2015 pp paulo pimenta

O espólio documental de Helena Almeida (1934-2018), que inclui 8900 registos fotográficos esclarecedores do processo de trabalho de uma das mais relevantes artistas nacionais, foi doado à Fundação Calouste Gulbenkian, que o anunciou esta terça-feira.

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O espólio documental de Helena Almeida (1934-2018), que inclui 8900 registos fotográficos esclarecedores do processo de trabalho de uma das mais relevantes artistas nacionais, foi doado à Fundação Calouste Gulbenkian, que o anunciou esta terça-feira.

O espólio a ser integrado no acervo da Biblioteca de Arte da Gulbenkian resulta de uma doação concretizada por vontade da família de Helena Almeida, “autora de um dos percursos artísticos mais relevantes da segunda metade do século XX, em Portugal”, pode ler-se no comunicado da fundação.

Constituído por um conjunto diversificado de documentação, o espólio inclui correspondência com várias entidades, instituições e galeristas, processos de venda de obras de arte e ainda processos relativos a exposições, alguns com as plantas das salas e imagens que documentam a instalação das obras.

Dos cerca de 8900 registos fotográficos que compõem este acervo, mais de seis mil reproduzem obras de arte, “permitindo uma melhor clarificação do processo de trabalho realizado entre 1967 e 2018 pela artista”, que foi bolseira da Fundação Gulbenkian em Paris, em 1964, e possui uma ampla representação na colecção do Centro de Arte Moderna (CAM).

O acervo abrange ainda recortes de imprensa, críticas, e um conjunto de títulos, entre catálogos da década de 1970, e um núcleo de obras de história de arte e de estética - do final dos anos 1950 até aos anos 70 - com marcas que atestam que pertenceram à artista e ao marido, o arquitecto e escultor Artur Rosa (1926-2020).

“Este espólio permitirá não só uma melhor compreensão da prática artística de Helena Almeida, como também ajudará a contextualizar o panorama artístico nacional”, sublinhou a Gulbenkian, acrescentando esperar que o conjunto lance “uma nova luz sobre o processo de trabalho de uma das mais brilhantes artistas nacionais”.

Para o administrador da fundação Guilherme d’ Oliveira Martins, citado no já referido comunicado, a integração deste acervo na Biblioteca de Arte, “juntando-se ao Arquivo Alberto Carneiro e aos espólios de Fernando Calhau, David de Almeida e Jorge Vieira, consolida-a como a biblioteca de referência para o estudo e a compreensão da produção artística nacional entre a segunda metade do século XX e as primeiras décadas do presente século”.

À medida que for sendo inventariado, este espólio será progressivamente disponibilizado, servindo de apoio à investigação das 16 obras da artista que integram a colecção do CAM e ao estudo de investigadores, curadores e críticos, quer nacionais, quer estrangeiros.

Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida criou, a partir dos anos 1960, uma obra multifacetada, dando origem a uma obra que se destacou pela auto-representação, reflectindo sobre as relações de tensão entre o corpo, o espaço e a obra.

Usou o seu corpo como suporte e objecto de criação, recorrendo à pintura, à fotografia, à gravura, à instalação e ao vídeo.

Helena Almeida estudou Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, começando a expor individualmente em 1967, na Galeria Buchholz.

A artista representou Portugal na Bienal de Veneza por duas ocasiões: em 1982 e em 2005, e em 2004 participou na Bienal de Sidney, tendo a sua obra sido exibida no âmbito de mostras individuais e colectivas em museus e galerias nacionais e internacionais.

Em 2015, apresentou uma exposição individual itinerante Corpus na Fundação de Serralves (2015), no Porto, em Paris (2016), em Bruxelas (2016) e Valência (2017).

Apresentou igualmente, em 2017, uma exposição individual Work is never finished no Art Institute, em Chicago, nos Estados Unidos.

A sua obra está presente em colecções portuguesas e internacionais como: Colecção Berardo, Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Fundação de Serralves, Porto; Centro de Artes Visuales, Fundación Helga de Alvear, Cáceres; Fundación ARCO, Madrid; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio; MEIAC - Museo Extremeno e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, Badajoz; Museu de Arte Contemporânea de Barcelona; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid; MUDAM - Musée d"Art Moderne Grand-Duc Jean, Luxemburgo; Tate Modern, Londres.