Ómicron responsável por 93,2% das infecções em Portugal na segunda-feira
A variante Ómicron tornou-se dominante cerca de uma a duas semanas mais cedo na região de Lisboa e Vale do Tejo do que nas restantes regiões do país.
A variante Ómicron representava 93,2% das infecções por SARS-CoV-2 em Portugal esta segunda-feira, refere-se no mais recente relatório sobre a situação da diversidade genética do coronavírus SARS-CoV-2 no país, divulgado esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa). Também se assinala que a Ómicron se tornou dominante cerca de uma a duas semanas mais cedo na região de Lisboa e Vale do Tejo do que nas restantes regiões do país.
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A variante Ómicron representava 93,2% das infecções por SARS-CoV-2 em Portugal esta segunda-feira, refere-se no mais recente relatório sobre a situação da diversidade genética do coronavírus SARS-CoV-2 no país, divulgado esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa). Também se assinala que a Ómicron se tornou dominante cerca de uma a duas semanas mais cedo na região de Lisboa e Vale do Tejo do que nas restantes regiões do país.
No relatório, refere-se que “desde o dia 6 de Dezembro, tem-se verificado um elevado crescimento na proporção de casos prováveis da variante Ómicron, tendo atingido uma proporção estimada de 93,2% no dia 10 de Janeiro de 2022 [a última segunda-feira]”. O “aumento abrupto de circulação comunitária” é semelhante ao de outros países, como o Reino Unido e a Dinamarca.
O valor da proporção estimada é obtido com base nas estimativas na monitorização em tempo real da “falha” na deteção do gene S – uma das estratégias para se saber qual o peso da Ómicron em Portugal e de forma mais imediata. Nesta estratégia, são considerados testes positivos de vários laboratórios pelo país que usam um teste de diagnóstico de PCR. Os testes de PCR detectam três regiões do vírus e este teste não o consegue fazer numa das regiões da Ómicron – há a tal falha na detecção.
A outra estratégia que está a ser usada baseia-se na análise de sequências do genoma do SARS-CoV-2 de amostragens aleatórias semanais a nível nacional – desde o início de Junho de 2021 estão a ser consideradas, em média, 527 sequências por semana. Aqui, é possível ter dados que representam a diversidade genética do vírus nas diferentes regiões do país. Através desta abordagem, tem-se observado “uma considerável heterogeneidade desta variante ao nível regional, tendo a sua circulação comunitária ocorrido precocemente e de forma mais intensa na região de Lisboa e Vale do Tejo” – ou seja, ocorreu em diferentes momentos. Na região de Lisboa e Vale do Tejo, a variante tornou-se “dominante cerca de 1-2 semanas mais cedo do que nas restantes regiões”.
Entre 20 e 26 de Dezembro – a última semana com a análise concluída – a frequência relativa da Ómicron era de 51% no Norte; 31% no Centro (o valor mais baixo); 74% em Lisboa; 53% no Alentejo; 38% no Algarve (e não já os 16,7% dos dados provisórios anunciados na semana passada); 43% no Açores e 54% na Madeira. Já entre 27 de Dezembro e 2 de Janeiro – semana ainda em análise e com a possibilidade dos valores ainda sofrerem alterações – a variante tinha um peso de 69% no Norte, de 71% no Centro, 94% em Lisboa e Vale do Tejo; 86% no Alentejo; 68% no Algarve; 81% nos Açores; e 77% na Madeira.
No documento, destaca-se ainda que a frequência relativa da Ómicron obtida através da estratégia de sequenciação (que tem sempre o atraso de alguns dias nos dados apresentados) tem sido “concordante” com as estimativas feitas com a estratégia de monitorização em tempo real da “falha” na detecção do gene S.
Identificada inicialmente em países da África austral, a Ómicron já foi detectada um pouco por todo o mundo. Desde cedo que esta variante suscitou interesse e preocupação devido ao grande número de mutações que possui – entre 26 e 32 na proteína da espícula, que é responsável pela entrada do vírus nas células. O número maior de mutações nessa zona de ligação às células dar-lhe-á maior capacidade para enganar o sistema imunitário. Até agora, é a variante do SARS-CoV-2 mais transmissível e tem levado vários países a baterem recordes de casos de infecção.
A Ómicron tem sido imparável a substituir a Delta. “Desde a semana 47 (22 a 28 de Novembro), esta variante tem vindo a diminuir a sua frequência relativa, em resultado do aumento abrupto de circulação da variante Ómicron, mantendo-se no entanto a circulação de várias sublinhagens”, lê-se no documento. Dessas sublinhagens, destaca-se que a AY.4.2 (ligada ao Reino Unido) mantinha uma “circulação considerável no Algarve” na semana entre 27 de Dezembro e 2 de Janeiro.