Nova espécie de rela no Panamá baptizada em honra de Greta Thunberg
A nova espécie de anfíbio vive apenas num habitat muito restrito do Panamá.
Uma equipa internacional de biólogos descobriu uma nova espécie de rela numa floresta húmida do Panamá e deu-lhe o nome de Greta Thunberg, em homenagem à jovem activista sueca e aos seus esforços no combate à crise climática.
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Uma equipa internacional de biólogos descobriu uma nova espécie de rela numa floresta húmida do Panamá e deu-lhe o nome de Greta Thunberg, em homenagem à jovem activista sueca e aos seus esforços no combate à crise climática.
A rela-de-greta-thunberg (Pristimantis gretathunbergae, no nome científico) pertence ao género Pristimantis, família Strabomantidae, disse esta terça-feira à agência de notícias Efe o biólogo Guido Berguido, director da associação Adopta Bosque Panamá (ADOPTA).
O artigo em que a nova espécie de rela é oficialmente descrita e nomeada foi publicado esta terça-feira na revista científica ZooKeys, da editora Pensoft. Parecidas com as rãs, as relas são anfíbios maioritariamente ligados a zonas bastante húmidas e que têm um comportamento terrestre e arborícola (enquanto as rãs são muito mais aquáticas).
O espécime foi descoberto por uma equipa internacional de biólogos liderada pelos cientistas Abel Batista, do Panamá, e Conrad Mebert, da Suíça, no Centro Chucantí, uma reserva privada situada na província de Darién e administrada pela ADOPTA. Abel Batista e Conrad Mebert colaboram há cerca de dez anos no panamá e já descreveram em conjunto 12 novas espécies para a ciência.
A nova espécie de rela “é endémica do Panamá, só é registada na República do Panamá e vive apenas nas altas montanhas de Darién e no centro do Panamá. Ou seja, num habitat muito restrito e, portanto, é vulnerável à extinção”, explicou Guido Berguido.
O anfíbio tem olhos negros, uma característica única de anfíbios que vivem em florestas tropicais da América Central, e os seus parentes mais próximos habitam no Noroeste da Colômbia, indicaram o Ministério do Ambiente do Panamá e a ADOPTA. As duas entidades destacaram que “a situação sombria da rela-de-greta-thunberg está estritamente relacionada com as mudanças climáticas”.
“A subida das temperaturas destruiria o seu pequeno habitat de montanha”, uma vez que “a região ao redor do Monte Chucantí já perdeu mais de 30% da sua cobertura florestal nos últimos anos”, acrescenta-se em dois comunicados diferentes sobre a descoberta.
Outra ameaça para a nova espécie de rela é o fungo mortal quitrídio, que afecta a pele dos anfíbios. O Batrachochytrium dendrobatidis é o nome científico do fungo que provoca a doença de pele que já afecta mais de 700 espécies de anfíbios, tendo causado o declínio de populações em todo o mundo, além da extinção de quase 200 espécies.
Em 2018, a organização sem fins lucrativos Rainforest Trust comemorou o seu 30.º aniversário, organizando um leilão em que ofereceu os direitos de nomear algumas espécies novas para a ciência. O vencedor deste leilão propôs nomear a nova rela descoberta em Darién para homenagear Greta Thunberg e os seus esforços no combate à crise climática, segundo o Ministério do Ambiente do Panamá.
“A sua Greve Escolar pela Acção Climática inspirou estudantes de todo o mundo a realizar paralisações semelhantes designadas Fridays for the Future [Sextas-feiras pelo Futuro, em português]. Impressionou líderes mundiais e o seu trabalho está a atrair outros para a acção climática”, indicou ainda o ministério.
A nova espécie, indicou Guido Berguido à Efe, foi descoberta como parte do trabalho de doutoramento de Abel Batista na Alemanha, que “consistiu em fazer uma análise dos anfíbios em Darién”. Chegar à floresta húmida onde a rela foi encontrada envolve longas horas de viagem a cavalo através de trilhos lamacentos, subindo encostas íngremes e acampando a mil metros de altitude.