Jerónimo acusa direita de querer entregar “negócio da doença” aos privados

“Se tivesse existido uma maioria absoluta [do PS] não teria sido possível conquistar muitos avanços”, afirma o secretário-geral do PCP.

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Secretário-geral do PCP na sessão pública do PCP em Sintra LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O secretário-geral do PCP acusou este domingo a direita de querer entregar “o negócio da doença” aos privados, criticando o PS por ter recusado soluções para reforçar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “a pensar na maioria absoluta”.

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O secretário-geral do PCP acusou este domingo a direita de querer entregar “o negócio da doença” aos privados, criticando o PS por ter recusado soluções para reforçar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “a pensar na maioria absoluta”.

Numa sessão pública da CDU, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, distrito de Lisboa, no âmbito da pré-campanha para as eleições antecipadas de 30 de Janeiro, Jerónimo de Sousa acusou a direita, “em particular o PSD”, de não estarem preocupados com a saúde dos portugueses.

“A política que a direita quer é a política do negócio da doença e do seu tratamento e nela não cabe a prevenção da doença e a promoção da saúde, que só o SNS está em condições de garantir de forma integrada”, criticou. O dirigente comunista recusou a tese da “liberdade de escolha” na saúde, que tem sido defendida por PSD e CDS-PP, considerando que esta não existe “quando o serviço público fecha a porta e a única opção está no serviço privado” e “os que não tiverem essa possibilidade ficam com a porta fechada”.

“Querem, à boleia do enfraquecimento do SNS e da exploração das necessidades das pessoas, pôr cada vez mais o Estado a sustentar os hospitais privados e os grupos privados da saúde, que só sobrevivem à custa do Orçamento do Estado”, acusou. Jerónimo estendeu as críticas ao PS, dizendo não ver da parte deste partido “vontade de afastar este plano da direita e da política de direita”.

“Não basta incluir nos discursos boas palavras sobre o Serviço Nacional de Saúde, é preciso tomar as medidas necessárias para o defender (...) O PS disse não às soluções para reforçar o SNS, porque estava a pensar nas eleições e na ambição da maioria absoluta”, criticou. Por isso, o secretário-geral do PCP considerou que as próximas eleições “serão também uma batalha pelo direito à saúde”.

“O que decide o futuro do Serviço Nacional de Saúde, sempre e em particular no futuro próximo, é a força e a influência da CDU”, afirmou. Também noutras áreas, Jerónimo de Sousa defendeu que será o resultado da CDU em 30 de Janeiro que vai determinar “se o caminho é para avançar ou para a estagnação e o retrocesso”.

“Há quem diga por aí agora que só uma maioria absoluta garante a concretização de avanços. Pois é precisamente o contrário: se tivesse existido uma maioria absoluta não teria sido possível conquistar muitos destes avanços, nos salários e nas reformas, nas creches e no passe social ou na gratuitidade dos manuais escolares. O que garantiu no passado e garantirá no futuro a possibilidade de novos avanços é a força da CDU”, reforçou, contrariando a tese que tem sido defendida pelo secretário-geral do PS, António Costa.

Na área da saúde, Jerónimo de Sousa elencou algumas das conquistas da CDU, como a redução das taxas moderadoras, a reversão de parcerias público privadas para a gestão hospitalar ou o compromisso para a concretização de novos hospitais, como o novo hospital de Sintra. “Não só foi difícil conquistar estes compromissos, tal era a resistência do Governo, como vários dos compromissos assumidos não chegaram a ser concretizados ou foram-no de forma muito insuficiente”, lamentou, apontando como exemplo a contratação de profissionais “muito aquém das necessidades e das possibilidades”.

“Ao contrário do que por aí vão dizendo, há profissionais para contratar. O que falta são as condições para que muitos deles se mantenham ou ingressem no Serviço Nacional de Saúde”, defendeu, recordando a proposta da CDU de criação imediata de um regime de dedicação exclusiva “em que se aumente em 50% a remuneração base de médicos e enfermeiros e em 25% a contagem do tempo de serviço para a progressão da carreira”.