Cotrim vs. Ventura: a IL “vendida” ao PSD e o Chega “a perder gás”

O momento que Cotrim de Figueiredo ficou mais frágil foi quando foi confrontado por Ventura com a proposta de que os estudantes do Ensino Superior pagassem os cursos. Visivelmente incomodado, Cotrim respondeu que a ideia “já não consta do nosso programa”. “Mas acreditas nisto ou não?”, insistiu Ventura. Cotrim foi obrigado ao mea culpa – “Não acredito”

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Pedro Pina/ RTP

André Ventura tratou João Cotrim de Figueiredo por “tu” o tempo todo. A Cotrim saiu-lhe uma vez um “tu”, mas tentou manter o mais distanciado tratamento “o André Ventura”, ao dirigir-se ao líder do Chega.

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André Ventura tratou João Cotrim de Figueiredo por “tu” o tempo todo. A Cotrim saiu-lhe uma vez um “tu”, mas tentou manter o mais distanciado tratamento “o André Ventura”, ao dirigir-se ao líder do Chega.

Discordando os dois (bastante rudemente) em quase tudo, ao 23.º minuto, Ventura pensou existir uma matéria de consenso no debate desta noite na RTP3: a falta de qualidades de Rui Rio em ser primeiro-ministro. Enganou-se. Enquanto Ventura insistia que Rio “era um mordomo de António Costa” e que nunca seria “o primeiro-ministro de que Portugal precisa”, Cotrim admitiu que “Rui Rio pode ser um bom primeiro-ministro”. Se Ventura não foi apanhado de surpresa, pareceu. Enquanto Cotrim lá ia dizendo que Rio precisa da “força e determinação da Iniciativa Liberal”, Ventura atirava: “Já se vendeu ao PSD, incrível! Vendeu-se ao PSD”. A frase da transacção política entre IL e PSD foi repetida três vezes pelo líder do Chega.

E, no entanto, Ventura não devia ter mostrado grande surpresa porque arrancou o debate a “denunciar” a existência de “um arranjo entre PSD, CDS e IL para passar a mensagem de que o Chega não conta para a solução”. Acusou a Iniciativa Liberal de ser “um partido de privilegiados” – “os betos do Príncipe Real, muito modernaços”, enquanto o Chega “é o verdadeiro partido anti-sistema”.

Cotrim de Figueiredo contra-atacou onde mais dói a André Ventura: “Estou a falar com o líder de um partido cuja estratégia falhou. O Chega está a perder gás. É evidente a perda de velocidade que o Chega está a ter”. A sondagem do PÚBLICO confirma esta “perda de gás”. Cotrim acusou o Chega de ser um “partido extremista e populista”, que “não é confiável, diz tudo e o seu contrário” e lembrou o dia em que André Ventura votou no Parlamento de três maneiras diferentes numa proposta sobre o Novo Banco.

O momento que João Cotrim de Figueiredo ficou mais frágil foi quando foi confrontado por André Ventura pela defesa, pela Iniciativa Liberal, de que os estudantes do Ensino Superior pagassem os seus próprios cursos. Visivelmente incomodado, Cotrim respondeu que “essa proposta de 2019 já não consta do nosso programa”. “Mas acreditas nisto ou não?”, insistiu Ventura. Cotrim foi obrigado ao mea culpa – “Não acredito”. E Ventura ganhou esse round: “Ah, não acreditas numa coisa que propuseste”.

Mas depois Cotrim foi ao âmago daquilo que é o Chega, que põe “as pessoas em caixinhas em função da sua etnia”: “Não podemos encarar as posições que o Chega toma como normais”.

A TAP foi um tema de grande divergência, com Ventura a discordar de que o Estado deixe cair a companhia. “A Iniciativa Liberal não quer saber de Portugal. O lucro é o que os move. Querem destruir tudo. A IL ignora que há emigrantes que fazem viagens de quinze em quinze dias, que há rotas que têm que ser mantidas. A IL não é de esquerda nem de direita, é do lucro. Há interesses estratégicos que a TAP tem que assumir”. De Cotrim ouviu-se uma ironia: “Parece o Pedro Nuno Santos a falar”. E quando Ventura insistiu no seu tema da “bandalheira dos apoios sociais” e “tipos a receber rendimentos sociais e que andam de Porsche” o líder da Iniciativa Liberal ironizou outra vez: “A grande novidade é que os Mercedes passaram a Porsches”. E neste debate, frente a Ventura, foi a vez de Cotrim mostrar um gráfico: o Rendimento Social de Inserção é um nada comparado com o dinheiro que o Estado gasta na TAP. “Seriam precisos 220 anos” para o número chegar lá perto, argumentou João Cotrim de Figueiredo.