Lourdes Castro, uma obra à procura da vida humilde
Nunca procurou honrarias nem protagonismos. Nunca – antes pelo contrário – vendeu o seu trabalho à armadilha da repetição e da facilidade. Depois de Helena Almeida e Ana Vieira, Lourdes Castro é uma das últimas grandes artistas portuguesas que desenvolveram a sua obra na segunda metade do século XX a deixar-nos.
Há encontros que nunca esquecemos. A primeira vez que falei com Lourdes Castro, há coisa de três décadas, foi um encontro desses. Estava em Lisboa, e devia ser Primavera porque o dia era muito bonito. Escolhemos encontrarmo-nos no jardim do Museu Nacional de Arte Antiga. Pensei que a Lourdes devia gostar da vista para o Tejo, e não me enganei. Com a sua voz calma, foi respondendo às minhas perguntas de jovem crítica de arte. Encontrámos pontos em comum; mas fiquei com a sensação, que perdurou de todas as vezes que falámos sobre o seu trabalho, que me estava a fazer um favor.
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Há encontros que nunca esquecemos. A primeira vez que falei com Lourdes Castro, há coisa de três décadas, foi um encontro desses. Estava em Lisboa, e devia ser Primavera porque o dia era muito bonito. Escolhemos encontrarmo-nos no jardim do Museu Nacional de Arte Antiga. Pensei que a Lourdes devia gostar da vista para o Tejo, e não me enganei. Com a sua voz calma, foi respondendo às minhas perguntas de jovem crítica de arte. Encontrámos pontos em comum; mas fiquei com a sensação, que perdurou de todas as vezes que falámos sobre o seu trabalho, que me estava a fazer um favor.