Professores do ensino superior estão a ter reforço da vacina recusado
Docentes conseguem gerar códigos na plataforma de auto-agendamento, mas são barrados nos centros de vacinação por não pertencerem ao ensino obrigatório. Sindicatos exigem respostas da DGS.
Os professores do ensino superior estão a ver recusada a dose de reforço da vacina contra a covid-19 quando chegam aos centros de vacinação. Muitos destes docentes conseguem gerar os códigos necessários na plataforma de auto-agendamento, mas acabam por não ser inoculados por não pertenceram ao ensino obrigatório. O secretário de Estado da Saúde tinha anunciado que a “casa aberta” do final desta semana se destinava a professores “de todos os graus de ensino”.
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Os professores do ensino superior estão a ver recusada a dose de reforço da vacina contra a covid-19 quando chegam aos centros de vacinação. Muitos destes docentes conseguem gerar os códigos necessários na plataforma de auto-agendamento, mas acabam por não ser inoculados por não pertenceram ao ensino obrigatório. O secretário de Estado da Saúde tinha anunciado que a “casa aberta” do final desta semana se destinava a professores “de todos os graus de ensino”.
A dose de reforço está a ser ministrada na modalidade “casa aberta”, sem agendamento prévio, mas os interessados têm que pedir senhas digitais no portal da Direcção-Geral da Saúde (DGS). Como explicou, no início da semana, o secretário de Estado, António Lacerda Sales, os docentes e funcionários têm apenas de exibir um documento que comprove a sua actividade profissional no acto da vacinação.
É aqui que começam os problemas. Os professores “conseguem gerar os códigos necessários” à vacinação, mas quando se apresentam como docentes do ensino superior, está a ser-lhes recusada a dose de reforço da vacina, conta a presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (Snesup), Mariana Gaio Alves. Ao sindicato tem chegado um número “elevado” de queixas nesse sentido desde que, na quinta-feira, começou o reforço da vacinação.
Em comunicado, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) conta uma história semelhante: “Embora a plataforma para obtenção da senha digital de vacinação não discrimine o nível de ensino, quando se dirigem aos centros de vacinação ou pedem esclarecimentos a este respeito, nas suas instituições de origem ou junto das autoridades de saúde, os docentes do ensino superior são informados de que a vacinação prioritária não os contempla, sendo-lhes negada a dose de reforço da vacina.”
Na segunda-feira, em entrevista à CNN Portugal, António Lacerda Sales tinha anunciado que podiam ser inoculados, entre 6 e 9 de Janeiro, com doses de reforço da vacina contra a covid-19, “os professores de todos os graus de ensino e os profissionais de creches e de ATL”. Um comunicado dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, no dia seguinte, referia-se apenas à “comunidade escolar”, não especificando os níveis de ensino que seriam abrangidos.
Face às dúvidas levantadas por muitos professores do ensino superior desde então, o PÚBLICO questionou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior sobre a inclusão dos docentes das universidades e politécnicos na operação de reforço das vacinas. A tutela remeteu esclarecimentos para a DGS.
DGS não esclarece
O organismo dirigido por Graça Freitas foi contactado várias vezes, desde quarta-feira, não tendo até ao momento respondido aos pedidos de esclarecimento. Esta sexta-feira, foram também enviadas questões sobre o tema ao Ministério da Saúde.
Também o Snesup pediu esclarecimentos à DGS, na terça-feira. “Até ao momento, não tivemos resposta”, lamenta a presidente daquele sindicato, Mariana Gaio Alves. Na primeira fase de vacinação, os professores do ensino superior já tinham sido excluídos dos grupos prioritários, o que levou desde logo receios do sindicato de que voltasse a acontecer a mesma situação.
“Segunda-feira, também retomamos contactos presenciais nas universidades e politécnicos. Estaremos na mesma situação de risco dos restantes professores”, sublinha Gaio Alves.
Os professores do ensino superior pertencem “a um nível de ensino em que, por norma, as turmas têm um número elevado de alunos”, lembra, por seu turno, a Fenprof, que diz “não compreender nem aceitar que se discriminem os docentes de qualquer nível ou grau de ensino e reclama a correcção desta situação”.