No final de Dezembro a seca afectava 93,7% do território de Portugal continental

Parte do território em seca severa diminuiu, mas também recuou a parte em seca fraca, com a zona do país em seca moderada a crescer. No final do mês, quase 94% do território continental estava sob alguma forma de seca - quase mais 2 pontos percentuais do que acontecia no fim de Novembro.

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Seca continua a não largar o território nacional, sendo mais severa no sul do país Francisco Romão Pereira

Apesar da chuva que caiu em alguns dias de Dezembro, ela não foi suficiente para retirar grande parte do território do continente da situação de seca meteorológica. Aliás, a percentagem de Portugal que se encontrava sob alguma forma de seca no final do ano, até era superior à do final de Novembro - subindo de quase 92% para 93,7% -, com a única boa notícia nesta matéria a ser a diminuição do território que se encontrava em seca severa (desceu de 12,6% para 8,7%).

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Apesar da chuva que caiu em alguns dias de Dezembro, ela não foi suficiente para retirar grande parte do território do continente da situação de seca meteorológica. Aliás, a percentagem de Portugal que se encontrava sob alguma forma de seca no final do ano, até era superior à do final de Novembro - subindo de quase 92% para 93,7% -, com a única boa notícia nesta matéria a ser a diminuição do território que se encontrava em seca severa (desceu de 12,6% para 8,7%).

Os dados constam do boletim climatológico de Dezembro do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), onde são também analisados os extremos de temperatura máxima alcançados na noite da passagem de ano, e que a instituição já tinha antecipado, parcialmente, esta semana. Agora, o documento completo não permite afastar a preocupação sobre os níveis de precipitação que têm atingido o país.

Segundo o IPMA, o valor médio da quantidade de precipitação em Dezembro (93.4 milímetros) foi inferior ao valor normal do intervalo 1971-2000, o que vai sendo cada vez menos uma novidade. “Nos últimos 20 anos, apenas em quatro ocorreram valores superiores ao valor médio”, refere-se no boletim. E houve zonas do país em que essa redução foi na ordem dos 75%.

Estendendo a avaliação ao último trimestre de 2021, a comparação continua a não ser famosa: entre 1 de Outubro e 31 de Dezembro, a precipitação que caiu no país “corresponde a 57% do valor normal”, explica o boletim do IPMA. Os distritos de Setúbal, Beja e Faro foram os mais afectados pela falta da chuva, ao longo de todo o ano hidrológico, com valores 50% inferiores em relação ao normal.

A consequência de tudo isto foi que, até foi possível ver, em relação a Novembro, um aumento da retenção de água no solo (sobretudo graças à chuva caída entre 20 e 26 de Dezembro, e mais no Norte e Centro do país), mas isso não foi suficiente para reverter a situação de seca meteorológica em que se encontra quase todo o território. E mesmo as alterações registadas entre os tipos de seca em curso - fraca, moderada e severa -, não são todos favoráveis, já que se houve uma diminuição da percentagem de terreno em seca severa, o mesmo aconteceu com o território em seca fraca, que passou de 61,6% no final de Novembro, para 57,7% no final do ano. A percentagem de território em seca moderada subiu quase 10 pontos percentuais, de 17,7% para 27,3%, deixando a expectativa de que esta situação não evolua para um cenário pior, o que irá depender muito da chuva que caia nas próximas semanas.

Dezembro quente

Quanto às temperaturas, o IPMA já antecipara, como o PÚBLICO noticiou, que o país bateu recordes de temperatura máxima em várias localidades do país, a 31 de Dezembro, e o boletim vem agora confirmá-lo, com alguns dados adicionais.

De facto, o IPMA precisa agora que a temperatura alcançada na estação da Zambujeira a 31 de Dezembro - 26,4 graus Celsius - foi um novo extremo para este mês em todo o país, desde 1941. Nunca houvera um dia de Dezembro tão quente em Portugal nos últimos 80 anos.

Mas não foi caso isolado. O valor médio da temperatura média do ar do último mês do ano foi superior ao normal (11,69 graus, o que corresponde a mais 1,73 graus do que o normal) e se olharmos apenas para as temperaturas máximas, essa diferença acentua-se ainda mais: com um valor médio da temperatura máxima nos 15,72 graus, foi o 2.º valor mais alto para este mês desde 1931. Aliás, o IPMA refere que ao longo de todo o mês, houve apenas sete dias em que as temperaturas máximas alcançadas foram iguais o inferiores ao valor médio mensal.

O recorde, contudo, foi mesmo o último dia do ano, com o boletim a classificá-lo como “excepcionalmente quente” e um desvio de 6,4 graus acima da média mensal a comprová-lo.

As estações que registaram novos máximos de temperatura para Dezembro - todos no dia 31 - foram as de Braga, Coimbra-Cernache, Figueira de Castelo Rodrigo, Odemira, Mora, Beja, Portel, Sines, Zambujeira, Neves Corvo e Castro Marie. Com 25,5 graus registados a 12 de Dezembro, a Zambujeira conseguiu ultrapassar por duas vezes o valor máximo de temperatura alcançado neste mês. Para o dia 12, o anterior extremo tinha sido o de 24,9 graus, alcançado em 1985.