7 dias, 7 fugas: tradições com couves, fogaças, passarolas e fumeiro online

Enquanto Vieira do Minho e Boticas se dedicam às couves e aos enchidos, Queluz mostra serviços reais, Águeda foca-se em Ruralidades, Santa Maria da Feira entra na Festa das Fogaceiras e Lisboa convida a visitar a cerâmica no feminino e a voar numa passarola.

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Sábado, 8: sabores serranos

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Sábado, 8: sabores serranos

Vieira do Minho dedica o fim-de-semana às couves com feijão amarelo. Confeccionadas tradicionalmente “após a matança do porco e depois dos presuntos e enchidos estarem secos e curados”, juntam no mesmo prato carne, couve-galega, feijão amarelo, batata, alho, azeite e, claro, enchidos. Depois das papas de sarrabulho com rojões e castanhas e do arroz de cabidela, o município torna assim a dar lume aos Fins-de-Semana Gastronómicos - Vieira, Tradição à Mesa para dar a provar as maravilhas da cozinha vieirense e, de caminho, estimular a economia local. A iniciativa passa por vários restaurantes da região e põe na ementa alguns dos pratos mais emblemáticos da terra, feitos de sabores rurais e serranos. Cozido à portuguesa (26 e 27 de Fevereiro), vitela da região (12 e 13 de Março) e cabrito ou anho (23 e 24 de Abril) são as iguarias que se seguem.

Domingo, 9: serviços reais

Serviços de jantar, de chá, de café e de chocolate abrilhantam a nova Sala das Porcelanas das Colecções Reais, no Palácio Nacional de Queluz. Com cerca de duas centenas de peças, oriundas de França, Alemanha, Áustria, Reino Unido e China e pertencentes ao acervo dos palácios de Queluz, da Pena e da Ajuda, o espaço dá a conhecer não só as vivências da família real, mas também a chegada de novos hábitos alimentares, como a introdução e o gosto pelo café e pelo chocolate. Cobre um arco temporal entre a segunda metade do século XVIII e o início do século XIX e expõe, entre outros tesouros, o serviço de porcelana da China encomendado por D. Pedro III (1717-1786) e os serviços de jantar britânicos decorados com o monograma da rainha D. Carlota Joaquina (1775-1830). O palácio está aberto todos os dias, entre as 9h e as 18h. A entrada custa 10€ e dá direito a visitar também os jardins.

Segunda, 10: com a passarola nas nuvens

O Lisbon Story Centre tem uma nova atracção. Para lá de imersiva, é capaz levar os visitantes às nuvens – virtualmente. Desde meados de Dezembro que o museu da Praça do Comércio alberga um simulador que replica a sensação de voar a bordo da “nova passarola”, uma máquina “inspirada na época do Bartolomeu Gusmão”, onde o próprio padre-voador-inventor se encarrega de dar as boas-vindas. Basta subir a uma plataforma e colocar os óculos especiais. A primeira usa um sistema hidráulico para recriar os movimentos do voo; os segundos dão acesso a imagens captadas por um drone, a 360º e alta resolução. Depois, é só desfrutar da sensação de sobrevoar Lisboa, Cascais e Sintra, com vistas largas e cimeiras (e som envolvente) para sítios como o Castelo de São Jorge, a Ponte 25 de Abril, o MAAT, o Mosteiro dos Jerónimos, a Baía de Cascais ou a Quinta da Regaleira. A experiência custa 10€, descendo para 8€ se feita em família (dois adultos e duas crianças) e ficando a 15€ se for combinada com a visita ao museu, que está aberto todos os dias, das 10h às 19h.

Terça, 11: cerâmica no feminino

Ânia Gabriel Abrantes, Cândida Wiggan, Catarina e Rita Almada Negreiros, Clotilde Fava, Estrela Faria, Felipa Almeida, Fernanda Fragateiro, Graça Morais, Joana Vasconcelos, Lourdes Castro, Maria Ana Vasco Costa, Maria Emília Araújo, Maria Keil, Sónia Sapinho, Teresa Cortez e Vieira da Silva. Estes são alguns dos nomes que fazem parte do lote de 55 autoras em foco na exposição Territórios Desconhecidos. A Criatividade das Mulheres na Cerâmica Contemporânea Portuguesa (1950-2020), que tem como objectivo “investigar e dar a conhecer o contributo das mulheres artistas para o desenvolvimento da arte cerâmica desde o pós-guerra à actualidade”, refere a nota de imprensa. A mostra é comissariada por Maria Helena Souto e pode ser vista no Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, de terça a domingo, das 10h às 12h30 e das 14h às 18h, até 26 de Junho. A entrada custa 5€.

Quarta, 12: ruralidades

Veterinário de profissão e fotógrafo por paixão, Jorge Bacelar (n.1966, Figueira de Castelo Rodrigo) mostra em Ruralidades as imagens de um “mundo rural diferente”. Os retratos focam o quotidiano de agricultores e animais, captado em Estarreja e na Murtosa. O trabalho de campo deu origem a um livro homónimo, onde estão reunidas mais de 150 imagens, todas com a atenção ao detalhe que caracteriza a sua obra. Conforme refere Bacelar ao PÚBLICO, “além do rosto, tento apanhar as mãos, porque elas também falam e contam muito sobre as pessoas, e também o fruto do seu trabalho e os animais com os quais eles convivem diariamente”. Patente no Centro de Artes de Águeda, de terça a sábado, das 14h às 19h, e domingo, das 14h às 18h, até 16 de Janeiro, com entrada livre.

Quinta, 13: fumeiro online

Numa tradição com mais de duas décadas, Boticas (Vila Real) torna a montar a Feira Gastronómica do Porco, entre 13 e 16 de Janeiro. À semelhança da edição passada, o certame volta a ficar pendurado no online, com uma montra digital aberta em www.boticastem.pt e recheada com a gastronomia e os produtos da vila barrosã. Na cesta estão enchidos e fumeiro, como salpicão, toucinho, rojões, chouriças ou presunto, a par de outras especialidades. Também os restaurantes locais aderem à causa, pondo nas ementas pratos à base de carnes e enchidos de porco – o cozido à barrosã, o arroz de costelinhas e a assadura são três dos sabores em degustação.

Sexta, 14: tradição (de volta) à cabeça

A Festa das Fogaceiras, em Santa Maria da Feira, é uma das mais expressivas e antigas festividades religiosas do Norte do país. Nasceu há mais de 500 anos, como ritual para manter a peste ao largo, mas nem todas as rezas a São Sebastião foram suficientes para impedir a interrupção de 2021, por conta da pandemia. Este ano, o tom é outro: entre 10 e 31 de Janeiro, a festa reacende-se em todo o seu esplendor presencial. O ponto alto está reservado para dia 20, às 15h, altura em que cerca de 300 meninas desfilam pelo centro histórico, vestidas de branco e cintas coloridas, de fogaças à cabeça. Mas há muito mais para celebrar, entre música, teatro, oficinas, exposições e outras propostas. Exemplos? Nesta sexta-feira, São Sebastião - O Piedoso está em cena no Cineteatro António Lamoso para fazer uma recriação histórica dos passos do mártir (às 21h30, com repetição no dia seguinte, à mesma hora, e dia 16, às 16h; bilhetes de 5€ a 8€). Entre 11 e 21, a oficina Cumprindo a Tradição põe crianças e famílias a descobrir “a história, as tradições e os símbolos” desta festa secular, no Convento dos Lóios (das 9h30 às 16h30; grátis). E, já na recta final, recupera-se uma tradição mais recente, inaugurada em 2016: um concerto com as filarmónicas do concelho, sempre com um tema e convidado diferente. Este ano, calha aos Quinta do Bill, em plena celebração do seu 35.º aniversário, tocarem rodeados por mais de 200 músicos locais, no espectáculo sinfónico Em Filarmonia com Quinta do Bill (dia 29, às 21h45, no Europarque; 10€). O acesso ao programa detalhado faz-se por aqui.