Deputados franceses aprovam “passaporte” de vacinação de Macron

Assembleia Nacional dá luz verde à proposta do Governo, no final de um processo marcado por declarações polémicas do Presidente sobre os não-vacinados, consideradas “ofensivas” e “indignas” pela oposição.

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Proposta foi aprovada na câmara baixa do Parlamento com 214 votos a favor, 93 contra e 27 abstenções CHRISTOPHE PETIT TESSON/EPA

A Assembleia Nacional francesa aprovou esta quinta-feira os planos do Presidente Emmanuel Macron para a criação de um “passaporte” de vacinação contra a covid-19, um documento cuja apresentação passará a ser obrigatória para o acesso a restaurantes, cafés, transportes intercidades e eventos culturais em todo o país.

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A Assembleia Nacional francesa aprovou esta quinta-feira os planos do Presidente Emmanuel Macron para a criação de um “passaporte” de vacinação contra a covid-19, um documento cuja apresentação passará a ser obrigatória para o acesso a restaurantes, cafés, transportes intercidades e eventos culturais em todo o país.

A proposta de lei foi aprovada na câmara baixa do Parlamento com 214 votos a favor, 93 contra e 27 abstenções, pouco depois das 5h da manhã, e no final de um processo político altamente polémico, não só por causa da medida em si, mas fruto das declarações do chefe de Estado, na terça-feira, sobre os planos do Governo para “irritar” os não-vacinados.

Numa entrevista ao Le Parisien, Macron usou a expressão “emmerder” – traduzível para algo como “irritar”, “chatear” ou “lixar” – para dar conta da sua estratégia para mobilizar os cerca de cinco milhões de franceses que ainda não estão vacinados para o fazerem, e foi criticado pela oposição, no Parlamento e na corrida às presidenciais de Abril, por ter proferido palavras “indignas” para um Presidente da República.

“Não sou a favor de irritar [emmerder] os franceses. Estou sempre a queixar-me quando o Governo o faz. Mas, em relação aos não-vacinados, sim, tenho muita vontade de os irritar [emmerder]. E vamos continuar a fazê-lo, até ao fim. É essa a estratégia”, disse Macron na terça-feira à noite.

A proposta do Governo terá agora de ser confirmada pelo Senado, antes se transformar em lei. Os planos de Macron e do primeiro-ministro, Jean Castex, passam por aplicar as novas medidas – promovidas como fundamentais para ajudar a travar a onda de contágios provocada pela variante Ómicron do vírus SARS-CoV-2 – a partir do dia 15 de Janeiro.

Nos termos da legislação em vigor, que se pretende substituir, é apenas exigida a apresentação de prova de vacinação ou de um teste PCR para quem quiser aceder aos locais e aos eventos em causa.

De acordo com as autoridades sanitárias francesas, na quarta-feira foram registados mais de 332 mil novos casos de infecção pelo vírus da covid-19 – mais um recorde diário em França – e 246 mortes provocadas pela doença.