Ricardo Sá Pinto. Moreirense chama mais um técnico “nómada” para o seu carrossel
O clube minhoto voltou a trocar de treinador, algo já banal nos últimos anos. A escolha de Ricardo Sá Pinto indica uma nova aposta num técnico “nómada”, com vários empregos em poucas temporadas.
É trivialidade futebolística ouvir treinadores dizerem que estão sempre com a mala à porta, à espera de serem despedidos e/ou terem um novo emprego. Em Moreira de Cónegos, esta frase batida ganha ainda mais nexo.
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É trivialidade futebolística ouvir treinadores dizerem que estão sempre com a mala à porta, à espera de serem despedidos e/ou terem um novo emprego. Em Moreira de Cónegos, esta frase batida ganha ainda mais nexo.
O clube lançou nesta quarta-feira duas notícias: Lito Vidigal está de saída e Ricardo Sá Pinto é o senhor que se segue. Nenhuma delas é muito surpreendente. O clube não só deu continuidade ao epíteto de “cemitério de treinadores” ganho nos últimos anos como está a escolher treinadores também habituados a pouca margem de manobra e tolerância mínima.
Lito Vidigal, o principal “nómada” da I Liga nos últimos anos, sai pouco mais de um mês depois de ter entrado. O substituto é Sá Pinto, também ele com um currículo de registo no que diz respeito a mudar de emprego.
Vamos a números: recuando cinco temporadas, o Moreirense é, com alguma margem, a equipa que mais troca de treinador. Já vai em 16 técnicos, o que dá quase três por temporada. O que mais resistiu foi Ivo Vieira, mas nem ele aguentou um ano civil completo.
A seguir vêm Paços de Ferreira e Boavista, ambos com 11 treinadores e com mais “paciência”: os “castores” aguentaram Pepa quase dois anos e os boavisteiros deram a Jorge Simão quase um ano e meio de trabalho.
Regressando ao Moreirense, o clube vai agora para o terceiro treinador na temporada e honra seja feita aos dirigentes do clube minhoto: propositadamente ou não, têm escolhido técnicos com perfil do mais “nómada” que tem passado na I Liga.
Entre os treinadores que estiveram na I Liga neste período, Lito Vidigal, com oito clubes (sete na I Liga), e Ricardo Sá Pinto, também com oito clubes (dois na I Liga) são os treinadores que mais “mudaram de vida” nas últimas épocas.
Vêm, depois, vários técnicos com sete clubes e há novamente um padrão a envolver o Moreirense: neste lote de sete treinadores, cinco passaram por Moreira de Cónegos: Vidigal, Sá Pinto, Petit, Ricardo Soares e Ivo Vieira.
Nesse grupo de treinadores estão ainda Daniel Ramos (sete empregos, seis na I Liga) e Jorge Costa (sete empregos, dois na I Liga).
Sá Pinto chega “com mundo”
No caso de Lito Vidigal, que somou uma vitória e quatro derrotas, este é mais um trabalho por terminar no currículo de um técnico que tem corrido o país nos últimos anos.
Só na I Liga já somou trabalhos no Moreirense, Marítimo, Vitória de Setúbal (duas vezes), Boavista, Aves, Arouca e Belenenses SAD. Recuando ainda mais, soma passagens por União de Leiria e Estrela da Amadora. Tudo isto só na primeira divisão, descontando as muitas aventuras em escalões secundários e além-fronteiras.
O feito irascível, que já lhe valeu conflitos, e o perfil defensivo e resultadista do futebol, que o coloca refém apenas das bolas que entram e das que batem na trave, já foram apontados como motivos para a carreira “nómada” de Vidigal.
Sá Pinto vem na linha do antecessor, mas só pela metade. Traz também uma postura aguerrida e um feitio nem sempre pacífico, mas tem um percurso totalmente diferente do de Vidigal. Aos 49 anos, o internacional português já pôde orientar o Sporting, a Belenenses SAD e o Sp. Braga, mas tem feito, sobretudo, uma carreira fora de Portugal.
Sérvia, Grécia, Arábia Saudita, Bélgica, Polónia, Brasil e Turquia constam já num vasto CV geográfico e desportivo, mas parco em títulos: soma uma taça da Bélgica, pelo Standard Liège, e uma Taça da Liga em Portugal, pelo Sp. Braga, apesar de já ter sido Rúben Amorim a orientar a equipa na final four da competição.