Projeto Renascer das Borboletas ajuda doentes com cancro da mama em Vila Real

A Borboletas aos Montes tem como objectivo prestar ajuda psicológica e socioeconómica a doentes oncológicas da região do Interior Norte.

Foto
Na unidade da mama do CHTMAD foram realizadas, em 2021, 2650 mamografias e 549 biopsias Rui Gaudencio/Arquivo

A associação Borboletas aos Montes vai criar um espaço, no hospital de Vila Real, onde doentes oncológicas com cancro de mama podem aceder a ajudas técnicas, como perucas, ou usufruir de um salão de cabeleireiro e estética. O projecto “Renascer das Borboletas” resulta de uma candidatura ao programa Bairros Saudáveis, lançado pelo Governo, conta com um financiamento de 34 mil euros e vai ser concretizado neste início de 2022.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A associação Borboletas aos Montes vai criar um espaço, no hospital de Vila Real, onde doentes oncológicas com cancro de mama podem aceder a ajudas técnicas, como perucas, ou usufruir de um salão de cabeleireiro e estética. O projecto “Renascer das Borboletas” resulta de uma candidatura ao programa Bairros Saudáveis, lançado pelo Governo, conta com um financiamento de 34 mil euros e vai ser concretizado neste início de 2022.

A associação, constituída formalmente em 2019, já possui um pequeno espaço para acolhimento de doentes com cancro de mama na unidade de Vila Real do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD).

Agora, segundo Alda Claudino, dinamizadora da Borboletas aos Montes e enfermeira na unidade da mama do CHTMAD, o objectivo é ampliar esse espaço para ajudar “mais doentes” e ali será disponibilizada uma área de exposição de artigos, outra para a realização de actividades de grupo e uma terceira para cuidados de beleza. “Para que possam ter acesso a bens e serviços necessários ao longo do tratamento e que atenuem o impacto da doença na sua qualidade de vida”, contextualiza.

Pretende-se que as doentes possam ter acesso gratuito a ajudas técnicas, como sutiãs adaptados a mulheres mastectomizadas, fatos de banho, perucas, lenços, gorros, chapéus ou almofadas para usar no pós-operatório, explica. A enfermeira referie ainda que, numa outra área, serão realizadas actividades lúdicas e de partilha de experiências, bem como acções de informação e de formação dirigidas a estas doentes, como, por exemplo, os direitos e os deveres das doentes oncológicas, alimentação ou cuidados de beleza, uma questão fundamental “para aumentar a auto-estima” durante a fase de tratamentos.

E, nesse sentido, no espaço “Renascer das Borboletas” será também disponibilizado um salão de cabeleiro e de estética, que contará com o apoio de voluntárias que, actualmente, já lidam com estas doentes. O financiamento será também aplicado na aquisição de material e de ajudas técnicas, bem como na informatização da associação, na compra de um computador, criação de um site e de uma base de dados.

A Borboletas aos Montes tem como objectivo prestar ajuda psicológica e socioeconómica a doentes oncológicas da região do Interior Norte e nasceu de uma lacuna verificada pela equipa de enfermagem da unidade da mama do CHTMAD no acesso a informação e a ajudas técnicas por parte das utentes. “Quando comecei a trabalhar, as senhoras não tinham ajudas neste sentido. O acesso a estes materiais era muito moroso, dificultado e, por vezes, até inexistente”, recorda Alda Claudino.

O trabalho é voluntário, está a ser realizado antes mesmo da constituição formal da associação e são também as voluntárias da associação que fazem, por exemplo, as almofadas, em formato de coração e que são usadas para colocar debaixo do braço da mama operada, ou os gorros disponibilizados para as doentes que perdem o cabelo com os tratamentos.

A associação promove ainda aulas de grupo de ioga, pilates ou meditação, actividades que têm estado paradas devido à pandemia, já lançou um calendário protagonizado pelas doentes e, neste Natal, lançou uma agenda para 2022 com desenhos de borboletas feitos pelos alunos do 1.º ciclo do Instituto Jean Piaget de Vila Real.

Na unidade da mama do CHTMAD foram realizadas, em 2021, 2650 mamografias e 549 biopsias, em 2020 foram realizadas 2300 mamografias e 489 biopsias e, em 2019, os números foram de 2294 mamografias e 410 biopsias.