Rio reitera posicionamento “ao centro” para responder a críticas de PS e Chega

Através do Twitter, o líder social-democrata respondeu em simultâneo aos ataques feitos pelo PS e pelo Chega, garantindo que tais críticas acontecem porque o PSD está “ao centro”.

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“O PS diz que eu estou nos braços do Chega e o Chega diz que eu estou nos braços do PS", ironizou Rui Rio LUSA/NUNO BOTELHO/EXPRESSO

O presidente do PSD, Rui Rio, respondeu nesta terça-feira com ironia às críticas de PS e do Chega, que o acusaram, à vez, de estar demasiado próximo do outro partido, dizendo que “é a vantagem de estar ao centro”.

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O presidente do PSD, Rui Rio, respondeu nesta terça-feira com ironia às críticas de PS e do Chega, que o acusaram, à vez, de estar demasiado próximo do outro partido, dizendo que “é a vantagem de estar ao centro”.

“O PS diz que eu estou nos braços do Chega e o Chega diz que eu estou nos braços do PS. É a vantagem de estar ao centro. Somos muito abraçados”, ironizou Rio, numa publicação na sua conta da rede social Twitter, um dia depois do debate com o líder do Chega, André Ventura, transmitido pela SIC.

Nessa ocasião, foi Ventura que, por várias vezes, o acusou de querer ser “vice-primeiro-ministro” do secretário-geral do PS, António Costa, e de preferir “meter-se nos braços” do socialista do que procurar entendimentos com o Chega.

Pouco depois do final do debate, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, acusava Rui Rio de ceder ao populismo ao “negociar em directo e ao vivo” com o líder do partido Chega, admitindo até “ceder na proibição da prisão perpétua”.

Hoje, foi a vez de o próprio António Costa acusar o presidente do PSD de se dispor a considerar o restabelecimento da prisão perpétua por conveniência eleitoral, contrapondo que há linhas vermelhas inultrapassáveis e que os valores do humanismo não são transaccionáveis.

Na sua mensagem, que consta de um vídeo divulgado pelo PS, António Costa considerou que o país assistiu “com surpresa, em directo e ao vivo, a Rui Rio, por conveniência ou necessidade eleitoral, a dispor-se a considerar com André Ventura diferentes modalidades para restabelecer a prisão perpétua”.

“Quero ser muito claro, em circunstância alguma podemos ceder nos princípios ou nos valores. O combate ao populismo exige linhas vermelhas inultrapassáveis. Os valores do humanismo que inspiram a nossa sociedade não são transaccionáveis. Um político responsável tem sempre os seus princípios e os nossos valores no centro”, criticou António Costa.

No debate, Rio foi desafiado por Ventura a dizer em que áreas considerava o Chega um partido tão radical, e um dos temas abordados foi o da prisão perpétua, que este partido defende para certo tipo de crimes.

Na resposta, o presidente do PSD fez questão de separar os vários regimes de prisão perpétua que existem no ordenamento jurídico europeu – citando o exemplo da Alemanha em que este tipo de pena existe, mas é revisto ao fim de 15 anos sob forma de liberdade condicional – e afastando-se daqueles em que alguém pode ser preso por toda a vida.

“Se nós estamos a falar na prisão perpétua ponto final parágrafo, vai para a cadeia e nunca mais sai de lá até ao fim da vida, isso nós somos completamente contra, é um atraso civilizacional”, disse.

Já quanto aos cenários de governabilidade após as legislativas de 30 de Janeiro, Rui Rio rejeitou no debate qualquer coligação de governo com o Chega, que considerou “um partido instável”, com André Ventura a dizer estar disponível para “conversar” para afastar António Costa do poder, embora insistindo numa presença num eventual executivo social-democrata.

Questionado sobre se prefere entregar o poder ao PS a fazer um entendimento com o Chega, Rio contrapôs com um desafio a André Ventura. “Se o PSD apresentar um programa de governo na Assembleia da República – não é votado, mas podem meter uma moção de censura –, aí, naturalmente, André Ventura tem de decidir se quer chumbar o governo do PSD e abrir portas à esquerda”, afirmou.

Confrontado com esta questão, o líder do Chega reiterou as suas condições para essa viabilização: “O Chega só aceita um governo de direita em que possa fazer transformações e isso implica presença no governo”, disse. Ainda assim, André Ventura reiterou que “tudo fará” para afastar António Costa do poder e manifestou-se disponível para o diálogo com Rui Rio no pós-eleições.