PSD acusa PS de “ver fantasmas com ligações à extrema-direita”
José Silvano desmonta tese do secretário-geral adjunto do PS, que acusou Rui Rio de ceder ao populismo por “negociar em directo” com André Ventura.
O secretário-geral do PSD, José Silvano, refutou nesta terça-feira as acusações feitas na véspera pelo PS a Rui Rio, declarando que o presidente do partido “foi muito claro [no debate com André Ventura na SIC] ao dizer que não fazia um governo de coligação com o Chega” na sequência das eleições legislativas de 30 de Janeiro.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O secretário-geral do PSD, José Silvano, refutou nesta terça-feira as acusações feitas na véspera pelo PS a Rui Rio, declarando que o presidente do partido “foi muito claro [no debate com André Ventura na SIC] ao dizer que não fazia um governo de coligação com o Chega” na sequência das eleições legislativas de 30 de Janeiro.
“O PS está numa fase de grande instabilidade e tem necessidade de reagir rapidamente porque vê o chão, como se costuma dizer, a fugir-lhe debaixo dos pés. Estamos num debate, numa campanha eleitoral em que se está a escolher o primeiro-ministro, e o PS está apressado e com medo de que o próximo primeiro-ministro de Portugal seja Rui Rio”, afirmou José Silvano ao PÚBLICO.
“Hoje [ontem], Rui Rio cedeu ao populismo e atravessou uma fronteira daquilo que é aceitável, em face dos nossos valores constitucionais. Nos Açores fizeram-no às escondidas, hoje [ontem] foi às claras... Não pode dar o dito por não dito”, afirmou José Luís Carneiro citado pela Lusa. Para o secretário-geral adjunto do PS, Rui Rio “ultrapassou todos os limites dos fundamentos dos valores constitucionais” de Portugal.
Depois de afirmar que o “PS vê fantasmas com ligações à extrema-direita para que o eleitorado do centro não vote em Rui Rio”, José Silvano não poupou o secretário-geral adjunto do PS e acusou o Partido Socialista de estar “desesperado”.
“José Luís Carneiro, ao dizer o que disse, só mostra desespero por parte do PS. Em primeiro lugar, ficou claro no debate, ao contrário do que diz, que o Chega diz que só governa em coligação, e acho que Rui Rio foi claro ao dizer que coligação não quer. Essa questão ficou esclarecida. Em segundo lugar, o debate era de 25 minutos e não dava para esclarecer tudo”, declarou, regressando à questão da coligação acenada pelo PS.
“Essa questão ficou muito clara, não há coligação com o Chega, não há ministros do Chega, não há um governo com o Chega”, reiterou o secretário-geral do PSD, dizendo que Rui Rio apenas acrescentou depois que, “consoante os programas eleitorais apresentados, o Chega é responsável pela escolha do primeiro-ministro António Costa ou do primeiro-ministro Rui Rio. Isto foi claro e é isto que leva ao desespero do Partido Socialista.”
Sobre a possibilidade de Rio não ter fechado a porta a um entendimento a nível parlamentar posterior, José Silvano clarificou: “O debate que estava ali a ser feito era essencialmente para o eleitorado do PSD, que, algumas vezes, engrossa o eleitorado do Chega. Portanto, esse eleitorado a que nós nos estávamos a dirigir é eleitorado do PSD que tem de voltar ao PSD e que tem de ver no PSD referências e tem de escolher Rui Rio para primeiro-ministro.”
Depois de afirmar que “as portas de uma coligação com vista à constituição de um governo com o Chega estão fechadas”, José Silvano voltou a afirmar: “Rui Rio foi claro. Depois das eleições, o programa eleitoral do PSD é para cumprir e para ser um programa de governo. O Chega nessa altura assumirá as suas responsabilidades, escolhendo um ou escolhendo outro. Acho que foi claro, não tinha de abrir portas ou fechar portas.”
Questionado pelo PÚBLICO sobre a possibilidade de Rui Rio poder ter conversas com o Chega ao longo do ano parlamentar, o secretário-geral do PSD foi taxativo: “O que ficou claro nesta altura é que Rui Rio não pode fechar a porta ao eleitorado do PSD que, eventualmente, possa votar Chega ou não. O que vai dar o resultado dessas conversas que vão surgir é depois do resultado eleitoral.” “Nesta altura”, sublinhou ainda, “o que interessa ao PSD e ao seu líder é falar para os votantes do PSD que se podem desviar para o Chega, que podem confiar num governo do PSD, no primeiro-ministro que é Rui Rio, e que os votos no Chega só servem para pôr António Costa a primeiro-ministro. Era isto que nós queríamos passar e isto ficou claro, o resto são interpretações que cada um faz sobre um debate que foi curto e não deu para andes explicações.”
O debate entre Rui Rio e André Ventura, transmitido na segunda-feira à noite na SIC, foi dominado pelos cenários de governabilidade após as eleições de 30 de Janeiro, com o líder do Chega a acusar o presidente do PSD de querer ser “o vice-primeiro-ministro de António Costa”.