Marta Durán: “Aprendi a gostar de estar em Portugal, que não troco por nada”

“A meros dias de 2021 terminar testo positivo. Depois de um ano tão atípico e difícil teria de acabar de forma positiva — já alguns dizem que é para entrar em 2022 com imunidade”. Marta Durán, das @BoleiasDaMarta, tem 26 anos e há quase uma década que viaja pelo mundo (quase) sem parar, incluindo à boleia. Entre o voluntariado e guia de grupos, tem muita experiência na mochila.

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A meros dias de 2021 terminar testo positivo. Depois de um ano tão atípico e difícil teria de acabar de forma positiva — já alguns dizem que é para entrar em 2022 com imunidade.

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A meros dias de 2021 terminar testo positivo. Depois de um ano tão atípico e difícil teria de acabar de forma positiva — já alguns dizem que é para entrar em 2022 com imunidade.

Depois de dois anos a viver estas incertezas no mundo das viagens, considero-me mais que imune para o que vier. Lembro-me de em Janeiro, acabada de chegar de uma viagem de prospecção (onde no futuro iria ser líder) ao Senegal e Guiné-Bissau, quando toda a gente achava que era impossível as coisas voltarem a fechar, o impossível aconteceu. Foi como se me atassem as mãos e me fechassem numa cela, só pensava: ‘’outra vez não’’.

Tinha acabado de comprar uma carrinha clássica, um sonho antigo que estava sempre a adiar e achei que seria uma grande entrada para 2021. Eis que estamos no final de 2022 e continuo com a carrinha por acabar — mas já lá chego.

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Chama-se Dory é uma Peugeot J7 de 1973, que precisava de muito trabalho de chapa e um tecto novo, portanto a minha quarentena foi entre piscinas à oficina para ver a evolução do trabalho e em casa a tentar planear o resto do meu ano.

Viver das viagens tem muito que se lhe diga, é um agridoce que me dá liberdade mas traz muita instabilidade, por outro lado repito várias vezes ao dia ‘’foi a vida que escolhi’’ e penso no que seria uma vida sentada num escritório a olhar lá para fora sem poder sair.

As medidas começavam a levantar nas ilhas, eis que ‘dei de frosques’ e fui passar três semanas a São Miguel. Por lá a vida era levada com mais calma e no meio da natureza. Entre muitos trilhos e aventuras parece que as coisas se foram recompondo.

Comecei a receber ofertas de trabalho, planeei a minha primeira viagem e idealizei como seriam os próximos tempos (como se isso valesse muito nos dias de hoje).

Em Maio estava de mochila às costas. Depois de várias tentativas de ir para o Irão falhadas, a Geórgia surgiu como opção, um país barato e que estava aberto ao turismo (fui juntamente com o meu amigo João).

Foi um mês de descoberta entre as montanhas e a cordilheira do Cáucaso num país que pouco me chamava a atenção talvez porque mal tinha ouvido falar, mas que me conquistou pela combinação de bom vinho, boa comida, paisagens de cortar a respiração e a simpatia das pessoas.

2021 foi pregando algumas partidas pelo caminho que me fizeram estar por Portugal mais de metade do ano. Por um lado foi estranho, pois estava habituada a andar pelo mundo, mas ao mesmo tempo soube-me muito bem. Durante estes dois anos de pandemia percorri este cantinho plantado à beira-mar de norte a sul, aprendi a gostar de estar em Portugal e a saber que não o troco por nada, que gosto muito de ir mas que voltar tem outro sabor.

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Os últimos meses do ano foram caóticos e surpreendentes. Surgiu a oportunidade de ir às Ilhas Feroé e à Islândia, uma viagem de 20 dias entre duas ilhas nórdicas que respiram natureza. Entre as dezenas de cascatas, trilhos e glaciares estava na hora de fugir para o calor. E no ano que para mim foi vivido com alguma dureza, foi também o ano que acabou com a realização de um sonho: ser líder de viagens.

Depois de tanto tempo sem conseguir guiar grupos, em Outubro e mesmo com algumas restrições levei dois grupos para o Senegal e Guiné-Bissau, duas viagens de 16 dias que me permitiram mostrar toda a minha paixão pelas pessoas e pelo país.

Viajar nos dias de hoje tornou-se instável e muito imprevisível, as medidas mudam do dia para a noite e a obrigatoriedade de quarentena ou teste aumenta os custos para se viajar. É desgastante e dá o triplo do trabalho, se eu antigamente não organizava nada hoje em dia, a ginástica é outra. No entanto, a sede de viajar e ter o mundo aberto como há dois anos é muita e faz com que partir seja o verbo mais fácil de utilizar.

Em 2022, vou continuar a liderar viagens para o meu continente de eleição, mas a minha cabeça já me leva a viajar pelo mundo. Estou ansiosa para ver o que este ano me traz.

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