Palcos da semana
Cinema de Paul Thomas Anderson, Nina Simone em cena, O Balcão de volta, Hergé a despedir-se e orquestras em rondas festivas.
Silêncio, que se vai escutar Nina
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Silêncio, que se vai escutar Nina
Nina Simone foi uma das maiores cantoras e compositoras americanas. Da voz dela – e do piano seu companheiro – saía música pontuada por jazz, clássica, gospel, soul, blues, um grande sentido de storytelling e um apelo erguido em nome dos direitos civis, nos EUA dos anos 1960. Fora do palco, era uma mulher a sobreviver a um tumultuoso percurso pessoal. É este, com todos os seus fantasmas, que dá o mote a O Silêncio e o Medo, peça escrita e encenada por David Geselson. Ficciona o caminho da “diva rebelde” com base no que se conhece da sua vida privada e faz ressoar nela o rasto do colonialismo e outras cicatrizes históricas. Depois de ter estado em cena na sala virtual do D. Maria II, em Março de 2021, chega agora ao palco real do teatro, em estreia nacional.
Rever Paul Thomas Anderson
No momento em que acaba de chegar aos cinemas o novo filme de Paul Thomas Anderson, Licorice Pizza, o Nimas desafia a rever em sala as suas sete longas-metragens anteriores, algumas oscarizadas e todas reveladoras da forma como o realizador norte-americano “explora a imperfeição humana, que se materializa em personagens complexas e alienadas”, lê-se no convite. São elas Jogos de Prazer, Magnólia, Embriagado de Amor, Haverá Sangue, O Mentor, Vício Intrínseco e Linha Fantasma. À excepção de O Mentor, exibido em sessão única, todas as outras têm direito a duas.
De volta ao balcão de Genet
A ilusão comanda O Balcão, a peça que Jean Genet escreveu em meados do século passado e na qual o encenador Nuno Cardoso pegou em 2020, sem se abster de fazer eco das contaminações (pandémicas, populistas e outras) destes tempos. Produzida pelo Teatro Nacional de São João, onde se estreou em Novembro desse ano pela mão do seu director artístico, a peça andou em récitas virtuais em dias confinados de 2021 e, agora, prepara-se para voltar à cena no teatro portuense. A acção passa-se num bordel de luxo – nesta versão, com ares de prisão – onde “se desenrola um arquétipo do mundo e do teatro”, explica a folha de sala, num jogo de espelhos, sedução e poder em que “o equívoco entre o fingido e o autêntico, o dentro e o fora (do bordel ou da cena) é permanente” e a revolução está presente. Afonso Santos, Ana Brandão, António Afonso Parra, Joana Carvalho, João Melo, Margarida Carvalho, Maria Leite, Mário Santos, Rodrigo Santos e Sérgio Sá Cunha compõem o elenco. A tradução do texto é de Regina Guimarães. A cenografia, de F. Ribeiro.
Hergé: animação na despedida
Visitada por mais de 44 mil pessoas, a exposição Hergé – dedicada a Georges “Hergé” Remi, o criador de Tintin – entra nos últimos dias com horário alargado (passa a estar aberta também à terça-feira) e um reforço de actividades paralelas para animar a despedida. A par das pranchas, dos pincéis, dos modelos, das fotografias e de outros tesouros do Museu Hergé, organizados por nove núcleos que abarcam as diversas facetas do autor, estão programadas visitas guiadas diárias, várias conversas, uma performance da soprano Cristina Molder e ainda uma surpresa em que “a Galeria Principal será invadida pelo som que o desenho faz”, anuncia a Gulbenkian. O programa detalhado está aqui.
Valsas, amor e um brinde
As orquestras tornam a mobilizar-se para cumprir a tradição de saudar o novo ano com partituras festivas e vénias às valsas vienenses. A Orquestra Sinfónica Portuguesa, acompanhada pelo Coro do Teatro Nacional de São Carlos, interpreta peças de Johann Strauss Verdi e Ponchielli, sob a direçcão de Antonio Pirolli. O maestro Sérgio Alapont lidera a Orquestra Clássica do Centro num concerto com a participação da soprano Regina Freire. A Orquestra Gulbenkian também convida uma soprano para abrilhantar a festa, Asmik Grigorian, bem como uma maestrina em ascensão para a conduzir, Clelia Cafiero. A Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música reencontra-se com o austríaco Leopold Hager no púlpito, para abordar Strauss e compositores seus contemporâneos, enquanto o coro da casa aposta em Valsas de Amor da autoria de Messiaen, Schubert e Brahms. Já a Metropolitana vai com o maestro Pedro Neves d’O Morcego ao Danúbio Azul de Strauss, passando por Bernstein, Tchaikovsky, Sibelius e Augusto Machado, com uma razão extra para brindar a 2022: é o ano em que celebra o 30.º aniversário.
Notícia actualizada para dar conta do cancelamento do concerto da Orquestra Metropolitana de Lisboa no Barreiro e de alterações às datas em que O Balcão está em cena no Teatro Nacional São João.