DGS reduz para sete dias o isolamento de pessoas infectadas com covid-19
Pressão causada pelo aumento brutal de novos casos de covid-19 no país — nos últimos três dias, Portugal registou mais de 72 mil novos casos — obrigou a rapidez na alteração da medida. Graça Freitas admitiu na noite de quinta-feira que o debate sobre o período de isolamento estava muito perto de ser concluído.
A Direcção-Geral da Saúde anunciou, esta quinta-feira, que o período de isolamento de pessoas assintomáticas infectadas com covid-19 vai ser reduzido para sete dias. Também o isolamento de contactos de risco vai ser reduzido de dez para sete dias.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Direcção-Geral da Saúde anunciou, esta quinta-feira, que o período de isolamento de pessoas assintomáticas infectadas com covid-19 vai ser reduzido para sete dias. Também o isolamento de contactos de risco vai ser reduzido de dez para sete dias.
Esta quinta-feira, Portugal registou um novo máximo de casos pela terceira vez consecutiva. Foram mais 28.659 casos e 16 mortes provocadas pela doença. Nos últimos três dias, as autoridades de saúde detectaram 72.698 infecções.
Graça Freitas admitiu na noite de quarta-feira que o debate sobre o período de isolamento estava muito perto de ser concluído, bem como a rapidez com que esta possibilidade foi equacionada face à pressão causada pelo aumento brutal de novos casos de covid-19 no país. Em entrevista à RTP3, a directora-geral da Saúde sublinhou que o objectivo é um equilíbrio entre segurança e o menor número de dias possível em isolamento.
“Portugal está a equacionar a redução do período de isolamento, que está em fase de avaliação. A base é a probabilidade do que vai acontecer e o que se sabe sobre a história natural da doença: o período de incubação, transmissão e em que esta variante é mais infecciosa. É com base na informação que nos vai chegando que se consegue prever um equilíbrio entre a segurança e evitar que fiquem retidas em isolamento demasiado tempo”, explicou.
Na terça-feira, as autoridades de Saúde dos Estados Unidos recomendaram a diminuição, de dez para cinco dias, do período de isolamento para infectados com covid-19 que estejam assintomáticos e para contactos de risco a quem seja imposta quarentena.
Depois deste anúncio, em Portugal, esta medida foi defendida por alguns especialistas, entre os quais o epidemiologista Manuel Carmo Gomes. O perito – um dos participantes nas reuniões dos decisores políticos com os especialistas no Infarmed – defendeu que a alteração servia para “aliviar muito a pressão sobre os médicos de família que fazem a vigilância das pessoas infectadas que estão em casa”.
Na entrevista de quarta-feira, Graça Freitas adiantou também que a DGS ia avançar com a proposta de autovigilância para os doentes assintomáticos, de modo a libertar alguma da pressão sentida pelos rastreadores nos últimos dias. O país registou, nos últimos três dias, mais de 72 mil novos casos de covid-19, com o número de contactos a aumentarem exponencialmente. Por esse motivo, a directora-geral da Saúde defende que os assintomáticos devem apenas contactar as linhas de saúde caso surjam sintomas ou qualquer outra complicação de relevo. “As pessoas não vão perder nenhum privilégio”, tranquilizou a responsável.
Descoberta em Novembro na África do Sul, a variante Ómicron fez rapidamente a transição para o resto do mundo e tornou-se dominante em Portugal em poucas semanas. Parece ser mais transmissível do que as restantes estirpes do vírus já identificadas, mas menos agressiva. Contudo, apesar de os elevados números de novos casos não se reflectirem proporcionalmente no aumento de óbitos e internamentos em cuidados intensivos, a directora-geral da Saúde aconselha cautela, quando questionada sobre uma mudança de abordagem no combate à pandemia. Uma futura mutação do vírus poderá trazer mais casos graves, alertou Graça Freitas.
“Já vamos na quinta vaga e cada uma teve uma variante diferente associada. Nada nos dirá que a Ómicron será a última que vamos ter, nem quer dizer que as variantes vão perder sempre a intensidade. Não rejeito que se trate [a covid-19] como uma doença sazonal, mas sim que se retirem conclusões tão rapidamente. Se calhar, até se atingir um equilíbrio entre o vírus e os seus hospedeiros, pode ser ainda necessário passar por outras variantes diferentes destas”.