Os cinco megafones mais populares de 2021
Uma experiência de emigração que correu mal, a insustentabilidade das carreiras científicas em Portugal, um conto sobre “pessoas escanifobéticas”, um dos temas quentes da campanha eleitoral para as eleições autárquicas e o desabafo de uma estudante universitária. Estas foram as cinco crónicas mais lidas no P3 em 2021.
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Joana de Sousa, licenciada em Filosofia e jornalista freelancer, partilhou no P3 um relato perturbador: “Poucas horas depois de receber o computador da Amazon, recebo um e-mail dizer que o contrato iria ser anulado. Todas as despesas da ida e do regresso ficaram no meu nome e as minhas poupanças foram investidas em algo que só posso descrever como um tirar de tapete brusco e sem qualquer tipo de misericórdia.”
O texto de Inês Trindade, doutorada em Psicologia Clínica, foi uma pedrada no charco, partilhado milhares de vezes: “Tenho 30 anos, doutorei-me há quase três e nunca tive um contrato permanente. Nunca tive mais do que quatro anos assegurados. Trabalhei sem remuneração durante um ano e meio, antes de conseguir a primeira bolsa e, neste momento, estou desempregada, sem apoio salarial.”
Cláudia Lucas Chéu, escritora, dramaturga e argumentista, começa assim este conto: “Todos conhecemos pessoas estranhas e inconstantes.” É uma daquelas verdades incontestáveis. E continua: “Se há dias em que nos trata como o grande amor da vida, trazendo flores para casa, sacando anilhas de latas de cerveja e ajoelhando-se na cozinha para nos fazer um dramático pedido de casamento, noutros comporta-se como se praticamente não nos conhecesse, chegando mesmo a nem nos cumprimentar com um beijo quando chega do emprego.”
Foi um dos temas mais falados durante a campanha eleitoral para as eleições autárquicas de Setembro último: as ciclovias e a relação entre peões, ciclistas e automobilistas. Maria Luís escreveu: “Todos queremos uma estrada mais segura — para peões e condutores de toda a espécie. Mas quando queremos que nos vejam, temos que fazer por ser vistos. O apelo perde muita da sua pertinência quando não são cumpridos os deveres.” Mário J. Alves, fundador da MUBi, respondeu: Cidades vivas, cidades para todos.
“Pago 697 euros de propinas anualmente para, na maioria das vezes, ter de aprender a matéria toda por mim própria. Tenho tido a sorte de conseguir bons resultados, mas para aprender coisas sozinha não tinha ido para a universidade.” Assim começa Beatriz Romão a sua crónica universitária, na qual apontou o dedo ao que se passa no ensino superior português: “Sejamos honestos, o nosso sistema de ensino superior está cheio de falhas e cheio de pessoas que não se interessam pelo bem-estar dos alunos, nem se nós aprendemos a matéria ou não.”