Relações sociais: modo presencial ou online?
Por muita digitalização que seja necessária nas nossas vidas para prosseguirmos com a maior parte dos nossos trabalhos, aquilo que trazemos como certo do século XX e que se mantém actual, entre outras coisas, é a necessidade que temos de socializar.
Como fecho deste ano, que mais uma vez nunca sonhamos um dia viver assim, vem ao meu pensamento estas três perguntas para conseguir concretizar o meu propósito individual:
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Como fecho deste ano, que mais uma vez nunca sonhamos um dia viver assim, vem ao meu pensamento estas três perguntas para conseguir concretizar o meu propósito individual:
- O que tenho que fazer de forma diferente?
- O que devo continuar a fazer?
- O que devo parar de fazer?
Que sejam perguntas interpelativas para quem lê estas linhas. Fica uma coisa como certa e que parece ser o ponto de vigilância de toda a Humanidade, nesta altura: as relações sociais, modo presencial ou online. Sentimos falta de estar uns com os outros ao ponto de pormos em risco a nossa saúde e a dos outros porque queremos estar juntos. Queremos encontrar-nos, mas temos de ser vigilantes nesta necessidade para não a pormos em risco.
As boas relações humanas fazem-nos bem e devem ser sustentadas; tornam as pessoas mais felizes e realizadas. Há pessoas significativas na nossa vida que deixámos de ver ao vivo há sensivelmente dois anos. Por muita digitalização que seja necessária nas nossas vidas para prosseguirmos com a maior parte dos nossos trabalhos, aquilo que trazemos como certo do século XX e que se mantém actual, entre outras coisas, é a necessidade que temos de socializar.
Como encaramos as relações digitais no nosso quotidiano? E no dia-a-dia das crianças e jovens? Como e o quê estamos a conseguir resgatar das relações sociais que tínhamos e queremos continuara a ter porque nos trazem bem-estar e são essenciais para o nosso equilíbrio? As empresas já estão a perceber que os ambientes altamente híbridos e remotos requerem uma igual proporção de humanismo e novas maneiras de criar comunidade.
Como estão as escolas a apanhar este comboio? A digitalização por si só é apenas um meio que revolucionou a forma como interagimos e aprendemos. Como estamos a humanizar os ambientes digitais e damos sentido a comunidades online?
Para as escolas e para as famílias esta também é uma questão sensível. As crianças foram empurradas para o digital durante a pandemia, quer na aprendizagem, quer na manutenção das suas amizades e na criação de novos relacionamentos. Como encaramos e gerimos esta dependência real dos mais novos, dos smartphones e dos computadores? Estamos suficientemente esclarecidos sobre os efeitos de sobreutilização destes aparelhos? Estamos suficientemente esclarecidos sobre os efeitos da sobreutilização ou isolamento social através dos meios digitais ou da fuga àquilo que pode ser chamado de norma? Que estudos temos sobre este assunto que ajuda as escolas e as famílias a balizarem comportamentos, em consciência?
A família desempenha aqui um papel muito importante; mas a família também tem mudado muito: Os divórcios aumentaram com a pandemia, a natalidade está a baixar e a longevidade a crescer. Como está o núcleo familiar das nossas crianças e jovens preparado e disponível para lidar com este assunto? Será que neste campo serve o exemplo para desencorajar os mais novos a usar as redes sociais? Também os adultos as utilizam bastante e passam largas horas por dia se não o dia todo a comunicarem online, seja em trabalho ou lazer.
Muitas vezes estando toda a família em casa são trocadas mensagens entre os seus membros. Estranho? Não vai sendo tanto assim. Como estamos a reinventar e a ensinar novas formas de socializar que irão ficar para o futuro destas gerações?
Uma coisa é certa, que a ciência e o desenvolvimento tecnológico nos proporcionem felicidade e bem-estar. A manutenção das relações sociais quer seja pela via digital ou física é essencial para o nosso equilíbrio.
Que esta verdade inequívoca entre em 2022 com vigilância social, mas encontrando sempre alternativas a podermos estar com aqueles que mais amamos e que nos fazem bem. No final de contas é mesmo este sentido do outro e com o outro que atravessa séculos e pandemias.